BAIRROS AFUNDANDO
"Ciência não tem lado", diz defensor em abertura de audiência sobre Braskem
Ricardo Melro foi afastado do Núcleo de Proteção Coletiva da DPE de Alagoas
O defensor público Ricardo Merlo fez um desabafo na abertura da audiência pública para apresentação de novo estudo técnico-científico sobre o afundamento de bairros causados pela mineradora Braskem a partir da extração do sal-gema. A audiência, que iniciou às 10h desta sexta-feira, 8, está sendo realizada no auditório João Sampaio, do Cesmac, no bairro do Farol, em Maceió.
Após apresentar os participantes do evento, Melro fez questão de agradecer e enaltecer sua família - na qual esposa e filhas estavam presentes -, que, segundo o defensor, testemunharam o dia a dia de seu trabalho em prol das famílias prejudicadas pela tragédia que evacuou bairros da capital alagoana, como o Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto.
Na abertura, Merlo disse que atuou bravamente por Justiça, não se deixando abalar por vozes contrárias ao seu trabalho. Sobre o estudo técnico, ele foi pontual: "ciência não tem lado", disse rebatendo as críticas sobre suposta imparcialidade de sua jornada frente ao núcleo.
"Todas as ações foram idealizadas, construídas e conduzidas por mim com o auxílio dos colegas afastados do núcleo que diariamente trocavamos ideias, não por obrigação, mas para fazer com que a Justiça fosse alcançada", disse.
Melro foi afastado do Núclo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública do Estado de Alagoas. O fato fez com que o Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (Muvb) emitisse nota de solidariedade a favor do defensor.
Conforme a entidade, o Núcleo de Proteção Coletiva, sob liderança de Melro, era o único espaço que efetivamente ouvia as vítimas e enfrentava os interesses da Braskem. A destituição de sua equipe, sem justificativa clara, foi vista pelo movimento como um enfraquecimento da atuação institucional e um favorecimento direto à Braskem.