PESQUISA
Bolsa família pode ser a chave para reduzir uso de substâncias ilegais
Pesquisa analisou dados de mais de 35 milhões de brasileiros entre 2008 e 2015
Estudo recente da Fundação Oswaldo Cruz apontou que beneficiários do Programa Bolsa Família apresentam menor risco de internação por transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas. A pesquisa, publicada na revista The Lancet Global Health, analisou dados de mais de 35 milhões de brasileiros entre 2008 e 2015, evidenciando o impacto positivo do programa social na saúde mental de seus beneficiários. A informação é do jornal Estado de Minas.
Os resultados mostram que quem recebe o Bolsa Família tem 17% menos risco de internação por transtornos ligados ao uso de substâncias psicoativas em comparação com não beneficiários. No caso do álcool, essa redução é ainda maior, chegando a 26%. Esses dados sugerem que o programa desempenha um papel fundamental na redução do abuso de substâncias entre populações vulneráveis.
A pesquisa sugere que essa redução no risco de internação está ligada a fatores como alívio do estresse financeiro e maior acesso a serviços de saúde e educação. O programa exige que as famílias cumpram condicionalidades, como manter a vacinação em dia e garantir a frequência escolar das crianças, o que aproxima os beneficiários de serviços essenciais para a prevenção e tratamento de transtornos relacionados ao uso de substâncias.
Segundo a pesquisa, a insegurança econômica é um fator que pode afetar negativamente a saúde mental, aumentando a vulnerabilidade ao uso de substâncias. Com o suporte financeiro do Bolsa Família, há uma redução desse estresse, o que pode contribuir para um menor envolvimento com o consumo abusivo de álcool e outras drogas.
Saúde mental
Além do impacto na redução do uso de substâncias, o estudo da Fiocruz destaca que o apoio financeiro proporcionado pelo Bolsa Família é essencial para pessoas que vivem com transtornos mentais e em situação de vulnerabilidade. O auxílio permite que essas pessoas busquem e mantenham tratamentos de saúde, algo que seria difícil de alcançar sem a garantia de necessidades básicas supridas.
O programa também promove a inclusão social e melhora o acesso a serviços médicos. Profissionais da Atenção Primária e dos Centros de Atenção Psicossocial são incentivados a considerar o encaminhamento de pessoas vulneráveis para programas de proteção social, como o Bolsa Família, como estratégia de suporte à saúde mental.
O Bolsa Família não apenas alivia o estresse financeiro, mas também incentiva a permanência de crianças e adolescentes na escola, fator essencial na prevenção do uso de substâncias. A exigência de frequência escolar mínima garante que jovens permaneçam em um ambiente estruturado, reduzindo o risco de exposição precoce ao álcool e às drogas.
Além disso, o acompanhamento pré-natal e a vacinação infantil obrigatórios no programa fortalecem a saúde das famílias e criam um vínculo maior com os serviços de saúde, permitindo o acompanhamento de possíveis fatores de risco associados ao uso de substâncias.