DESAPARECIDOS
Demora: ONU diz que Brasil foi lento para iniciar as buscas
A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para Direitos Humanos (ACNUDH), Ravina Shamdasani, afirmou nesta sexta-feira, 10, que o governo brasileiro demorou para iniciar as buscas pelo jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira, desaparecidos há cinco dias no Vale do Javari, extremo oeste do Amazonas.
Em nota, a ACNUDH afirmou ser "crucial" que as autoridades a nível federal e local reajam de forma robusta e rápida, empregando ao máximo os meios necessários para busca efetiva na área remota em questão.
O anúncio do Alto Comissariado foi feito dias após a Justiça apontar omissão do governo federal em realizar efetivamente as buscas pelos desaparecidos.
Na quarta-feira, 8, a juíza federal Jaiza Maria Pinto Fraxe determinou que a União efetivasse imediatamente a viabilização de helicópteros, embarcações e equipes de busca, seja da Polícia Federal, Forças de Segurança ou Forças Armadas a fim de localizar os desaparecidos. Segundo a juíza, o governo falhou em seu dever de fiscalizar terras indígenas e proteger povos indígenas isolados e de recente contato.
Para a ONU, as autoridades brasileiras têm responsabilidade em proteger defensores dos direitos humanos, ambientalistas e jornalistas em atividade no país. O Brasil é o 4º país que mais registra assassinatos de ativistas ambientais e do direito à terra no planeta, segundo relatório divulgado pela ONG Global Witness em 2021.
"Apelamos a todas as autoridades para que de fato garantam que protegerão e capacitarão jornalistas, defensores de direitos humanos e povos indígenas, reconhecendo seu papel fundamental na obtenção de informações de lá, especialmente nessas áreas remotas", afirmou Shamdasani.
O Alto Comissariado também elogiou a atuação de grupos da sociedade civil que coordenam esforços para localizar Philips e Bruno, inclusive enviando missões de busca e salvamento na área. É o caso da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), primeira equipe que se mobilizou para encontrar Philips e Pereira, e do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato (Opi).