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Farmácia Popular deixa de atender 7 milhões de pessoas em dois anos

Por Tamara Albuquerque 26/03/2022 - 15:25
Atualização: 26/03/2022 - 15:50
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Agencia Brasil
Programada despencou para 30,3 milhões em 2019, enquanto 2021 terminou com 21,6 milhões de usuários
Programada despencou para 30,3 milhões em 2019, enquanto 2021 terminou com 21,6 milhões de usuários

Após a alta no preço da cesta básica, os medicamentos são o próximo item essencial que vai sofrer reajuste nos preços a partir de abril. A estimativa de aumento é de 13%, segundo as instituições financeiras que fazem o cálculo com base nas definições da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). O anúncio do percentual deve ser publicado no dia 31 deste mês. 

Outro fator, entretanto, vai apertar o orçamento doméstico na hora de adquirir medicamentos: o esvaziamento do programa Farmácia Popular, que continua acentuado e em andamento. Criado em 2004, o programa chegou a beneficiar 33 milhões de brasileiros com o apoio da iniciativa privada. Mas nos últimos dois anos, em plena pandemia, deixou de atender 7 milhões de usuários. 

Os dados são frutos de um levantamento da ONG Repórter Brasil junto à Fiocruz e ao Ministério da Saúde. 

Os indicadores refletem a redução de 27% dos investimentos com o programa desde 2015. A situação se agravou em 2017 com o fechamento de 400 farmácias credenciadas em cidades e bairros de baixa renda, que beneficiavam em torno de 6 milhões de pacientes e não tiveram reposição. 

Segundo a Abrafarma, a Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias, naquele ano o programa atendia a 33,1 milhões de pessoas nas grandes redes de farmácias conveniadas. O contingente despencou para 30,3 milhões em 2019, enquanto 2021 terminou com 21,6 milhões de usuários.

Mudanças

O setor farmacêutico ouvido pelo canal Panorama Farmacêutico, defende mudanças no atual modelo de credenciamento ao programa Farmácia Popular, baseado na adesão por ponto de venda. A ideia é que o cadastro seja feito por empresa, com inclusão automática de novas filiais, o que tende a facilitar a divulgação e fidelizar mais usuários.

Os exemplos da Europa e do Canadá refletem o que poderia acontecer no Brasil, segundo a Abrafrarma. Um sistema de coparticipação não só facilita a adesão a medicamentos, como também evita despesas públicas com tratamentos de emergência e superlotação de hospitais.

Na França, onde não existe um modelo de assistência à saúde universal como o SUS, o copagamento é feito segundo as classes terapêuticas e as patologias, com descontos de 35% a 100%. O governo espanhol define como preço de referência a média do quinto inferior, ou seja, 20% dos menores preços no mercado. Já o Canadá escolhe a alternativa mais barata no mercado como base, além de promover a integração de informações entre o sistema de saúde e o farmacêutico.

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