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Farmácia Popular deixa de atender 7 milhões de pessoas em dois anos

Após a alta no preço da cesta básica, os medicamentos são o próximo item essencial que vai sofrer reajuste nos preços a partir de abril. A estimativa de aumento é de 13%, segundo as instituições financeiras que fazem o cálculo com base nas definições da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). O anúncio do percentual deve ser publicado no dia 31 deste mês.
Outro fator, entretanto, vai apertar o orçamento doméstico na hora de adquirir medicamentos: o esvaziamento do programa Farmácia Popular, que continua acentuado e em andamento. Criado em 2004, o programa chegou a beneficiar 33 milhões de brasileiros com o apoio da iniciativa privada. Mas nos últimos dois anos, em plena pandemia, deixou de atender 7 milhões de usuários.
Os dados são frutos de um levantamento da ONG Repórter Brasil junto à Fiocruz e ao Ministério da Saúde.
Os indicadores refletem a redução de 27% dos investimentos com o programa desde 2015. A situação se agravou em 2017 com o fechamento de 400 farmácias credenciadas em cidades e bairros de baixa renda, que beneficiavam em torno de 6 milhões de pacientes e não tiveram reposição.
Segundo a Abrafarma, a Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias, naquele ano o programa atendia a 33,1 milhões de pessoas nas grandes redes de farmácias conveniadas. O contingente despencou para 30,3 milhões em 2019, enquanto 2021 terminou com 21,6 milhões de usuários.
Mudanças
O setor farmacêutico ouvido pelo canal Panorama Farmacêutico, defende mudanças no atual modelo de credenciamento ao programa Farmácia Popular, baseado na adesão por ponto de venda. A ideia é que o cadastro seja feito por empresa, com inclusão automática de novas filiais, o que tende a facilitar a divulgação e fidelizar mais usuários.
Os exemplos da Europa e do Canadá refletem o que poderia acontecer no Brasil, segundo a Abrafrarma. Um sistema de coparticipação não só facilita a adesão a medicamentos, como também evita despesas públicas com tratamentos de emergência e superlotação de hospitais.
Na França, onde não existe um modelo de assistência à saúde universal como o SUS, o copagamento é feito segundo as classes terapêuticas e as patologias, com descontos de 35% a 100%. O governo espanhol define como preço de referência a média do quinto inferior, ou seja, 20% dos menores preços no mercado. Já o Canadá escolhe a alternativa mais barata no mercado como base, além de promover a integração de informações entre o sistema de saúde e o farmacêutico.
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