POLÍTICA

Marinha compra Viagra quando Exército já detinha tecnologia para produzir

Por Daniel Weterman/Agência Estado 09/06/2022 - 19:46
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Documento apresentado em audiência pública das comissões de Fiscalização Financeira e Controle e de Seguridade Social e Família da Câmara aponta que a Marinha comprou comprimidos de uma versão genérica do Viagra quando as Forças Armadas já detinham o conhecimento para produzir o medicamento, que é usado contra impotência sexual.

Segundo o deputado Elias Vaz (PSB-GO), a Marinha gastou R$ 33 milhões em 11 milhões de doses do medicamento, de 2019 a 2022. Ao mesmo tempo, o Exército adquiriu, ao custo de R$ 88,2 mil, 75 quilos da substância ativa para produzir 3,75 milhões de comprimidos. 

O remédio foi comprado pela Marinha do laboratório EMS, do empresário Carlos Sanches, próximo ao presidente Jair Bolsonaro (PL). O negócio é alvo de uma investigação no Tribunal de Contas da União (TCU)."Por que a Marinha tem de pagar pedágio para a EMS se o Exército tem a tecnologia para produzir?", questionou o deputado. 

"É uma situação muito grave e revela que o Ministério da Defesa nem sabe o que está acontecendo sob o seu comando. É um escândalo com dinheiro público", afirmou Vaz. Pelos cálculos dele, caso a Marina solicitasse ao Exército os comprimidos que comprou, gastaria por volta de R$ 200 mil.

RESPOSTA

Presente na audiência, o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, disse que "as compras nas Forças Armadas ocorrem com total transparência e lisura". "Cada Força tem sua peculiaridade e sua autonomia administrativa. Temos um controle interno e externo rigorosos", afirmou. Procurada, a farmacêutica não se manifestou até a conclusão desta edição.

Além dos comprimidos, a compra de próteses penianas também é alvo de uma apuração do TCU. Os militares adquiriram 60 próteses por R$ 3,5 milhões para unidades ligadas ao Exército. Os contratos foram defendidos por aliados do governo na comissão. "O senhor perdeu tempo vindo aqui, ministro. São seis próteses para 530 mil militares", afirmou a deputada Soraya Manato (PTB-ES).


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