POLÍTICA
‘Blocão’ de Lira domina 1/3 da Câmara e terá papel decisivo em votações
Grupo sinaliza insatisfação generalizada dos partidos sobre o resultado do comando das comissões,
O novo bloco parlamentar capitaneado por Arthur Lira (PP) que reúne nove partidos e 173 deputados captura um terço da Câmara e será decisivo para votações importantes do governo. O grupo União Brasil, PP, PSB, PDT, Avante, Patriota, PSDB, Cidadania e Solidariedade encabeça o núcleo com o maior número de parlamentares, um movimento que também deve sanar a queixa das legendas que se sentiram prejudicadas nas escolhas das presidências das comissões.
Isolados, o PL, principal partido da oposição, com 99 deputados, e a federação PT-PV-PCdoB, com 81 deputados, perderam a liderança e vice-liderança na composição da Câmara. Como mostrou a Coluna do Estadão, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tentou dissuadir os partidos de centro-esquerda, PDT e PSB, a aderir ao grupo de Lira até último momento.
Na visão do deputado Pompeo de Mattos (PDT-RS), a entrada de um partido alinhado à centro-esquerda a um bloco dominado especialmente por partidos mais próximos da direita não é por um fator ideológico ou eleitoral, mas parlamentar. A entrada do seu partido, na sua análise, é uma questão de sobrevivência. “A Câmara virou bloco. Ou você está em um, ou está fora. Isolados, somos pequenos. Dentro, somos grandes”, disse.
Insatisfação
Ele também ecoa uma insatisfação generalizada dos partidos sobre o resultado do comando das comissões, em que maior parte das principais presidências ficaram com o PL ou com o PT. “O PT pegou tudo o que podia e mais um pouco. Agora, passamos a poder ocupar espaços mais justos. Se a Câmara optou por esse modelo, precisamos entrar no jogo.”
Para o líder da federação petista, Zeca Dirceu (PT-PR), ainda que os dois blocos não sejam nem a favor nem contra o governo, o diálogo se facilita. “Falar com 20 líderes, partido por partido, fica muito difícil para qualquer governo”, disse Zeca Dirceu.
Nesta quinta-feira, Arthur Lira disse à Globonews que a formação de dois grandes blocos parlamentares resultou de disputas por espaços internos. “Eu me divirto com as narrativas. O bloco formado ontem não é de oposição ao governo, não é para fazer chantagem contra o governo, e essas versões criadas e muitas vezes debatidas não ajudam neste momento”, afirmou o presidente.
“A Câmara não tem criado nenhuma dificuldade para o governo”, ressaltou Lira, lembrando que um acordo entre o Executivo e o Legislativo vai assegurar que, até agosto, um grupo de medidas provisórias será analisado em comissões mistas. Outras terão de ser reenviadas na forma de projetos com urgência constitucional.