Investigado por omissão

Anderson Torres diz que 'jamais poderia imaginar' os ataques de 8 de janeiro

Ex-secretário de Segurança do DF diz que achou plano operacional 'superdimensionado', mas assinou e viajou para o exterior porque não havia risco identificado.
Por Redação 08/08/2023 - 18:36
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Anderson Torres
Anderson Torres

Durante seu depoimento à CPI dos Atos Golpistas nesta terça-feira, 8, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres declarou que o planejamento de segurança para os eventos ocorridos em 8 de janeiro não apontava para qualquer risco de ruptura ou eventos terroristas, como os que ocorreram naquele dia.

De acordo com Torres, considerando os planos de monitoramento para as manifestações, apenas algo drástico, como uma explosão, teria levado os eventos a atingirem o nível de destruição que foram observados.relacionadas_esquerda

Na ocasião, Anderson Torres ocupava o cargo de secretário de Segurança Pública do governo do Distrito Federal. No entanto, na véspera dos atos, ele viajou para o exterior.

"Naquele dia, naquela sexta-feira, os acampamentos estavam praticamente desmontados, ele [General Dutra] precisava da secretária de desenvolvimento social para tirar os vulneráveis, os moradores de rua, antes de fazer o desmonte final do acampamento. Essa foi a imagem que eu viajei com ela na cabeça, de pouquíssimas pessoas naquela sexta-feira, dia 6, nos acampamentos, eu jamais ia imaginar que aquilo ia acontecer, que aquilo ia virar de novo e se tornar o 8 de janeiro. Quando eu viajei não havia informação de inteligência”, afirmou Torres.

Na data dos atos, Torres era secretário de Segurança Pública do DF, mas estava fora do país. O ex-ministro ressaltou que deixou um Plano de Ações Integradas assinado antes de sua viagem e que, se a Praça dos Três Poderes tivesse sido devidamente isolada, os eventos de 8 de janeiro não teriam ocorrido. Durante o depoimento, Torres enfatizou que estava confiante em sua viagem devido ao plano assinado e à situação dos acampamentos.

O ex-gestor está sob investigação do Supremo Tribunal Federal por sua suposta omissão na organização do esquema de segurança durante os eventos golpistas. Embora tenha sido detido por cerca de quatro meses, ele foi posteriormente libertado por ordem do ministro Alexandre de Moraes, com a condição de usar tornozeleira eletrônica.

Os parlamentares também questionaram Torres sobre um documento encontrado pela Polícia Federal em sua residência, conhecido como "minuta do golpe". O documento propunha a declaração de estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral para alterar o resultado das eleições presidenciais de 2022, onde Lula (PT) derrotou Bolsonaro. O ex-ministro considerou o documento "fantasioso", uma "aberração" sem "validade jurídica".

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