O ex-ministro Aldo Rebelo, de 69 anos, foi advertido sob ameaça de prisão por desacato pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante audiência realizada na sexta-feira, 23. O episódio ocorreu enquanto Rebelo prestava depoimento como testemunha de defesa do ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, no processo que apura tentativa de golpe para manter Jair Bolsonaro na Presidência da República.

Durante o depoimento, Rebelo se desentendeu com Moraes ao defender que uma declaração feita por Garnier de que colocaria tropas “à disposição” de Bolsonaro não deveria ser interpretada literalmente. O ministro repreendeu o ex-ministro, que reagiu, e foi advertido.

Natural de Viçosa, no interior de Alagoas, Aldo Rebelo é jornalista de formação e foi deputado federal por seis mandatos consecutivos por São Paulo. Sua trajetória política começou na militância de esquerda, ainda durante a ditadura militar, como integrante da Ação Popular, grupo de resistência ligado à Igreja Católica e ao movimento estudantil

Foi filiado ao Partido Comunista do Brasil (PCdoB) por quatro décadas, legenda pela qual alcançou notoriedade no Congresso Nacional, chegando a presidir a Câmara dos Deputados em 2005, cargo que lhe rendeu o apelido de “primeiro presidente comunista da Câmara”.

Ao longo da carreira, Rebelo passou também por PSB, MDB, PDT e, mais recentemente, aproximou-se da base bolsonarista. Em 2024, assumiu o cargo de secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, a convite do prefeito Ricardo Nunes (MDB), e foi elogiado publicamente por Jair Bolsonaro.

Rebelo foi ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff, passando pelas pastas de Ciência e Tecnologia, Esportes e Defesa. Também foi candidato a vice-prefeito de São Paulo em 2008, na chapa de Marta Suplicy (PT).

Além da atuação institucional, Aldo Rebelo ficou conhecido por apresentar projetos de lei considerados excêntricos. Um dos mais famosos é o que propôs a criação do "Dia do Saci", em 31 de outubro, como forma de substituir o Halloween por uma celebração do folclore nacional.

Outro projeto propunha restringir o uso de expressões estrangeiras no Brasil, punindo o que ele chamou de “excesso de anglicismos”. Também chegou a sugerir que pelo menos 10% de mandioca fossem incluídos na farinha de trigo usada para fabricar pães, massas e biscoitos.

A atuação de Aldo Rebelo nos últimos anos, com aproximação de setores da direita e da caserna, marca uma guinada no perfil de quem foi, durante muito tempo, um símbolo da esquerda nacional.