PACTO POR ALAGOAS
Lideranças dos diversos segmentos apresentam sugestões
Empresários e políticos defendem pacto parar tirar o estado do atoleiro socialNo mês do aniversário da Emancipação Política de Alagoas, empresários, políticos e personalidades dos mais importantes e variados segmentos da sociedade estão ainda preocupados com os rumos do estado.
O EXTRA ouviu vários alagoanos cujos cargos ou realizações mostram capacidade técnica para discutir o tema. Mais de 200 anos – 201 completados no último dia 16 – depois de ter deixado de pertencer a Pernambuco, Alagoas ainda detém índices sociais que recheiam as estatísticas como um dos piores do Brasil.
E que em nada lembram a estrofe “Alagoas, estrela radiosa que refulge ao sorrir das manhãs. Da República és filha donosa maga estrela entre as estrelas irmãs”, escritas por Luiz Mesquita e com música de Benedito Silva.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de Alagoas (IBGE), é de Alagoas, o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. Numa escala que vai até 1, o alagoano alcança 0,631 num número que avalia a qualidade de vida.
A Terra dos Marechais, tão cantada em versos e prosas, ocupa o penúltimo lugar em renda per capita (valor que cada pessoa ganha por mês, uma média de R$ 658,00).
Some-se isso e o resultado é uma conta matemática cujo resultado é negativo e mostra uma importante dependência dos recursos federais. A dívida pública do Estado com a União é de 10 bilhões. O problema não é de hoje. Arrasta-se há mais de dois séculos.
A população alagoana, de 3,3 milhões, tem 200 mil fora do mercado de trabalho e mais de um milhão abaixo da linha de pobreza, de acordo com levantamento do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea).
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios Contínua (Pnad), enquanto a taxa nacional de desempregados gire em torno de 12,9%, no Estado é de 17,7%.
Embora o Produto Interno Bruto (PIB) esteja crescendo nos últimos anos, muita coisa ainda precisa mudar para que os alagoanos possam ter com mais qualidade de vida.
DOUGLAS APRATTO
ESCRITOR, HISTORIADOR E VICE-REITOR DO CESMAC
O vice-reitor do Centro Universitário – Cesmac, professor Douglas Aprratto, afirmou que nesta era de turbulência e radicalização, vivemos o mais profundo e significativo evento do século iniciante. “Uma eleição que norteará as próximas décadas: a espera de soluções no país e no estado das Alagoas, nossa amada esfinge radiosa, com angústias acumuladas e contradições centenárias. O que for feito para o nosso estado terá também muito de nossa relação com o Poder Central e com suas políticas com as unidades federativas, pois hoje há uma dependência enorme de nossa economia em relação a Brasília”, pontuou.
Ele acredita que cada um deve fazer sua parte e “deixar a condição de coitadinhos, deixar ou reduzir essa dependência com nossas atitudes proativas, governo, empresários, políticos, trabalhadores, sociedade. Que Alagoas queremos? Que podem fazer governo e sociedade para melhorar nossa condição e qualidade de vida?” indagou.
Segundo ele, a resposta não é atrair indústrias e outras miragens que nunca deram certo, como a antiga Salgema, estaleiro, açúcar, parques industriais e outros sonhos de uma “noite verão”.
Na opinião do professor doutor é uma só: educação, educação e mais educação. “Ela é a prioridade das prioridades e junto dela, siamesamente agarradas, estão a ciência, tecnologia, pesquisa, inovação, empreendedorismo. Incentivo também a pequena e média propriedade, aumentar nossa produtividade nas cadeias tradicionais da economia, o turismo, a indústria cultural, o artesanato, o apoio ao sentimento de pertencimento de ser alagoano, sociedade mestiça, de saberes esquecidos, atuar na pós-graduação stricto, incorporando as camadas mais desiguais, o funcionalismo, investindo nas energias alternativas, no reuso e no aproveitamento da agua, melhorando a produtividade”, ensinou.
Douglas Apratto afirmou que é preciso começar a construir uma sociedade do mérito, do trabalho, do saber, e enterrar ou reduzir as desigualdades, olhando o negro e o índio. “Eleger políticos com vida íntegra e que sirvam ao público e não servir-se. Um estado de maior inclusão, sempre de maior inclusão, com a educação como força motriz. Não podemos continuar achando que os índices sociais negativos são herança da colonização portuguesa. Não podemos perpetuar a visão de coitadinhos”, ponderou.
OTÁVIO LEÃO PRAXEDES
PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Impulsionar o desenvolvimento de Alagoas depende, em alguma medida, de um cenário nacional favorável, política e economicamente. No Brasil, de um modo geral, os índices de desenvolvimento humano e social não são dos melhores, quando comparados com outros países. Buscar a melhoria desses índices é um dever de todos nós – autoridades públicas, empresários e sociedade em geral.
É preciso estarmos inseridos em um ambiente que propicie às pessoas viverem com dignidade. E isso não se restringe apenas à renda por elas auferida, refere-se, também, à valorização do ser humano como tal, dando-lhe oportunidades para desenvolver suas potencialidades.
Para isso, afigura-se imprescindível que autoridades públicas planejem e gerenciem, com zelo e eficiência, os geralmente escassos recursos disponíveis, de modo a viabilizar uma oferta de serviços públicos de qualidade, como educação, saúde, segurança e transporte.
Apesar do cenário nacional não vislumbrar qualquer indicativo de crescimento econômico e social, reconheço o esforço do chefe do Poder Executivo estadual, notadamente no enxugamento da máquina pública, priorizando os parcos recursos nas áreas de educação, saúde e segurança pública.
Como tais serviços, em última análise, dependem de disponibilidade orçamentária, é necessário que todos – empresários, gestores públicos e sociedade civil –, realizem um esforço concentrado no sentido de apoiar o setor produtivo e estimular o crescimento da economia, pois tais ações têm o potencial de gerar mais emprego e renda, elevando a qualidade de vida da população e reduzindo as desigualdades sociais.
Em suma, o desenvolvimento do estado é um dever das autoridades públicas, mas também uma obrigação de todos nós cidadãos.
LUIZ DANTAS
PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Luiz Dantas (MDB) vê com simpatia a ideia de estabelecer um pacto em defesa de Alagoas. O sentido é estimular a unidade de todos os segmentos representativos da sociedade em torno de um objetivo: proporcionar grande salto qualitativo no processo de desenvolvimento do Estado.
“Alagoas chega aos seus 201 anos de existência ainda contabilizando uma herança dramática, no que diz respeito aos seus indicadores de desenvolvimento, não obstante o esforço e as conquistas registrados nos últimos tempos”, avalia Luiz Dantas. Ele se diz à vontade de compartilhar a proposta do pacto, pois sempre externou o sentimento do Poder Legislativo de contribuir com o processo de transformação social e econômica do Estado.
Como exemplo, cita as medidas tomadas pelo Poder Executivo de garantir o equilíbrio das contas públicas. “O Legislativo participou ativamente de todas elas, examinando as matérias, debatendo em audiências populares e votando em plenário, como a delegação para realização da reforma administrativa”.
KELMANN VIEIRA
PRESIDENTE DA CÂMARA
MUNICIPAL DE MACEIÓ
Na opinião do presidente da Câmara Municipal de Maceió, vereador Kelmann Vieira (PSDB), para reduzir as desigualdades e melhorar os índices sociais de Alagoas, é necessário investir em políticas públicas de incentivo à geração de emprego e renda, não só definindo linhas de captação de médios e grandes investimentos para o estado, como, e sobretudo, no desenvolvimento de ações para os micro e pequenos empreendedores, desde a agricultura familiar às pessoas que vivem nas periferias das cidades, entre outros medidas.
JOSÉ CARLOS LYRA
DE ANDRADE
PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO
DAS INDÚSTRIAS
De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (Fiea), José Carlos Lyra de Andrade, o estado enfrenta um momento de incertezas em relação às eleições e ao ajuste das contas públicas, situação que dificulta a recuperação econômica. “Para nós, empresários, a indefinição sobre o ajuste permanente das contas públicas, o adiamento da reforma da Previdência e a falta de definição do quadro eleitoral é a fonte dessas incertezas”, detalhou.
Para José Carlos Lyra, os levantamentos feitos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do País deve crescer 2,6%, com expansão de 3% do PIB industrial. “Os números de nossa economia indicam que, ao final do ano, os investimentos aumentarão 4% e o consumo das famílias, 2,8%. A taxa média de desemprego deverá ficar em 11,8%. Apesar da queda da inflação e da redução dos juros, o ritmo de recuperação da economia é moderado”, explicou.
O presidente da Fiea disse ainda que o fim da crise depende de governantes com capacidade de realizar as reformas necessárias ao desenvolvimento. E completa: “O grande desafio do Brasil é aumentar a produtividade, com equilíbrio fiscal, a reforma da Previdência, a reforma tributária, financiamento de longo prazo, redução da burocracia, segurança jurídica e modelos de regulação eficientes, entre outras medidas”.
“Para isso, é preciso ter o aval da sociedade, que anseia pela recuperação de nossa economia. Neste sentido, o Brasil conta com o setor produtivo, a maior alavanca para o desenvolvimento e a geração de riquezas que garantem emprego, bens, renda e serviços”, alertou.
Para José Carlos Lyra, essa realidade se repete em Alagoas. “Como um dos menores da federação, nosso estado sofre os efeitos da crise político-econômica que o Brasil atravessa. Para superá-la, precisamos de mais emprego, mais renda, mais saúde, mais educação e mais segurança. A luta das entidades do setor produtivo é por um estado economicamente desenvolvido e socialmente justo. Somente assim conseguiremos trilhar o caminho da paz social que todos almejamos”, concluiu.
GIVAGO TENÓRIO
SENADOR E EMPRESÁRIO
Para o empresário e senador Givago Tenório (PP), de fato e, lamentavelmente, Alagoas apresenta os menores índices sociais e econômicos do País. “Diante dessa realidade”, diz ele, precisamos criar estratégias para o crescimento e para o fortalecimento da economia através da geração de emprego e renda.
“Com certeza, o empresariado alagoano e os investidores têm um papel fundamental para o desenvolvimento econômico, social e humano, mas para isso o poder público do Estado precisa atuar de forma mais eficiente na promoção e na gestão de políticas que estimule as áreas potenciais do nosso estado, por meio de ações de incentivos, de desburocratização, de melhoria nas condições de infraestrutura e outras ações que visem o fortalecimento do setor produtivo”, alerta.
Na opinião do senador, sem dúvida, com desenvolvimento econômico, teremos uma melhoria em todos os índices que tanto maltratam os alagoanos.
De acordo com Givago Tenório, é nesse contexto que se destaca o papel dos políticos e da boa política com ética e compromisso com os interesses públicos, atuando no sentido de dialogar com a sociedade organizada e apresentar soluções para os problemas econômicos e sociais existentes em Alagoas.
“Neste particular, tenho convicção de que a educação representa o principal mecanismo para reduzir as desigualdades sociais em nosso estado, pois é o melhor caminho para alcançarmos uma sociedade mais justa e igualitária. A responsabilidade é de todos nós, empresários e políticos”, assegurou.
ÁLVARO ALMEIDA
PRESIDENTE DA FEDERAÇÃO DA
AGRICULTURA EPECUÁRIA
Na avaliação do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Alagoas (Faeal), Álvaro Arthur Lopes de Almeida, ao longo da história de Alagoas, mesmo sem qualquer incentivo governamental em determinados momentos, os empresários contribuíram com o seu desenvolvimento socioeconômico, e poderão continuar a fazê-lo caso seja implantada uma política tributária atraente, que incentive a instalação de novas empresas e a reabertura de outras que foram fechadas em decorrência da crise financeira.
“Aos políticos cabe garantir ao setor produtivo a segurança jurídica necessária, no sentido de se preservar a atividade agropecuária em níveis de produção de riquezas pelo menos iguais aos que sempre foi”, sentenciou.
MILTON PRADINES
GERENTE DE RELAÇÕES
INSTITUCIONAIS DA BRASKEM
O gerente de relações institucionais da Braskem, Milton Pradines, explica que a melhoria dos indicadores sociais econômicos do estado está diretamente relacionada com uma política de educação moderna, centrada na oferta de creches na primeira infância, na escola em tempo integral com a incorporação de novas tecnologias e valorização do professor.
“É preciso entender que a capacidade de geração de emprego pelo Estado é hoje restrita. Em razão disso é preciso incentivar o setor privado, através da criação de um ambiente de negócio, que priorize a segurança jurídica, a diminuição da burocracia, do incentivo legal, da comunicação transparente. Esse ambiente permitirá a formação e consolidação de uma cultura que permita a atuação conjunta do poder público e da iniciativa privada. E que valorize a presença das empresas privadas em operação no Estado, que geram cada vez mais emprego e renda”, detalhou.
ALFREDO BREDA
PRESIDENTE DO SINDICATO DA
INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
O presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas), Alfredo Breda, diz que, inicialmente, “devemos focar na educação, pois um país, um povo que não tem educação, com baixo índice de escolaridade, não tem como se desenvolver e melhorar seus indicadores, portanto temos como primeiro ponto investirmos em mais professores, em cursos técnicos, sendo a educação a base para tudo”, destaca.
Conforme Alfredo Breda, é preciso investir fortemente em saneamento básico, ou seja, esgotamento sanitário, abastecimento de água, drenagem e limpeza urbana, pois com isso diminuirá o número de doenças, melhorando de forma considerável a qualidade de vida de nossos cidadãos.
“Temos que também passar pela saúde, claro que com o saneamento básico diminuiremos muito o número de pessoas doentes, contudo o investimento em médicos e hospitais se faz necessário, ajudando muito para atingirmos os índices desejados. Com educação, saneamento e saúde, juntando a isso investimento em infraestrutura em nosso país, teríamos uma grande geração de empregos, o que acarretaria em uma melhora considerável nos altos índices de desemprego, gerando mais renda para o nosso Brasil, o que faria com que viessem mais investimentos, lembrando que com tudo isso, levaríamos a melhorar a segurança, pois como as pessoas estariam ocupadas, trabalhando, filhos nas escolas, com saúde, diminuiríamos a violência, tornando assim o Brasil muito melhor”, enumerou.
Ainda conforme o presidente do Sinduscon, Alagoas precisa de uma simplificação tributária para facilitar que as empresas possam pagar melhor e com mais eficiência os impostos.
“Desta forma, investiríamos mais e com mais segurança. Na verdade, precisamos que simplesmente haja mais respeito com as pessoas de nossa nação, dando-lhes educação, saúde, emprego e segurança”, concluiu.