Por uma nova Alagoas!

Por Elias Fragoso 25/09/2018 - 11:21
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Para se fazer uma análise de Alagoas não é preciso citar mais qualquer dado. São todos sobejamente conhecidos. E da pior qualidade. O estado é, desde sempre, um dos mais pobres, atrasados e defasados do subdesenvolvido Brasil. E ponto. E chega de lamúria, de lamentações. É preciso sair dessa lengalenga, do jogo de faz de conta, reconhecer o problema, enfrentá-lo, vencê-lo. É urgente. Prioritário. Estados e países mundo afora o fizeram, inclusive em situação e condições piores que a nossa. São exemplos inspiradores e factíveis a seguir. Se eles fizeram, por que nós não podemos fazer?!

Nos anos 1980, Melbourne, a capital da Austrália, era tida por muitas como inabitável. Hoje é a melhor cidade do mundo para se viver. Ah! Bom, alguém pode contrapor: a Austrália é um país rico. Pode fazer isso. E a Coreia do Sul? De terra arrasada na década de 1950 passou a um dos países de maior desenvolvimento econômico do mundo a partir dos anos 1990.  O país tinha renda per capita 3 vezes menor que a do Brasil à época, hoje é 4 vezes maior. Outro exemplo para fechar: Europa e Japão arrasados na Segunda Guerra Mundial tiveram ajuda americana para se reerguer e, em menos de 3 décadas suplantaram até o status quo anterior. Estão hoje dentre as nações mais desenvolvidas do mundo. Sabem quanto foi o investimento per capita em uma década para isso? Dei-me ao trabalho de converter os valores para o dólar atual: meros 2 mil dólares  ( claro que alguma infraestrutura havia sobrevivido e que o nível educacional europeu, assim como a tenacidade e capacidade de fazer oriental, foram diferenciais notáveis. E claro: bons projetos com foco em modelo de desenvolvimento privado  - o Estado atuando tão somente – e como deve ser – como indutor do processo).

Não é uma questão de poder. É de querer. E de saber fazer. Com ética, expertise técnica e visão de longo prazo. O momento é agora. Essa enorme crise que imobilizou o país e fez a renda média de Alagoas retroagir a 2012 terá um novo capítulo de ajustes pós-eleições. Que pode ser ainda mais pernicioso para o estado. É preciso reagir. Refundar as bases para a Alagoas do futuro. É hora de um pacto por Alagoas. Que redesenhe nosso modelo de crescimento e leve ao desenvolvimento sustentável obtido por estados e países que migraram do sub para o desenvolvimento econômico pleno. Uma inflexão de 360º na economia alagoana a partir de marco de longo prazo (com metas intermediárias de curto e médio prazo).

Calcado no turismo de maior volume, mas introduzindo e consolidando o de maior valor agregado como eixo central de desenvolvimento do setor; no agronegócio via polo tecnificado de alta produtividade de hortigranjeiros para abastecimento interno (importamos mais de 90%) na região Agreste, e de fruticultura tropical para exportação em áreas antes ocupadas pelo açúcar e ao longo do projeto de transposição do rio São Francisco. Ambas operadas exclusivamente pela iniciativa privada, nos moldes do agronegócio da soja. As culturas de subsistência e seu modelo arcaico e alimentador do ciclo de pobreza sumirá do mapa. Sua mão de obra – reciclada- será incorporada nos polos mais dinâmicos ou pela agricultura irrigada de produtos alimentares. A pecuária será de alta performance, nuclear e especializada.

O modelo industrial redesenhado terá definitivamente uma guinada total no sentido da consolidação do polo cloro químico, vocação natural do estado, desde sempre, sabotado por interesses menores ou exógenos aos interesses de Alagoas.

E, finalmente, um salto quântico rumo à economia 4.0 da qual estamos a uma distância de 70 anos. O polo de inteligência artificial de Alagoas, ponta de lança para colocar o estado na vanguarda tecnológica do país. Via iniciativa privada. Os recursos existem.

Tudo permeado transcendentalmente por uma virada na educação. Dos últimos lugares no ranking nacional para a liderança. Sonho? Que nada. Hoje já temos a escola mais bem avaliada do Brasil no IDEB recente. Está em Coruripe. Nota 9,9! E outra em Jequiá da Praia, com nota quase 8. Mesmo a despeito do mar de incompetência que domina o setor em Alagoas, se encontram oásis que podem e devem servir de exemplos a todos. Principalmente aos céticos de nossas possibilidades. Nós podemos fazer acontecer. Em todas as áreas e projetos aqui citados.

Nada aqui é sonho de uma noite de verão. É produto de estudos sérios. De gente séria e competente. Não é achologia ou diagnostiquês, tão comuns por estas paragens. Implementá-los (e a outras coisas que não couberam aqui) levará esse estado no mínimo a outro patamar. Certamente bem superior ao atual.

Nos próximos meses, o Instituto Alagoas 2048, em formação, realizará seminários sobre o tema em cidades polo do estado e em Maceió, para agregar sugestões ao projeto.

É hora de unir forças em prol do bem comum. 


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