Escândalo na Saúde
Hospital Veredas anuncia demissões, mas não paga rescisões trabalhistas
Audiência no MPT não tem resultado prático para amenizar crise dos profissionais desligadosAs demissões de trabalhadores no Hospital Veredas, em Maceió, avançam e novo corte será executado em fevereiro, segundo representantes da comissão de interventores à frente da administração do hospital.
Em audiência com o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Alagoas e sindicatos das categorias profissionais, a direção do hospital confirmou as demissões de 204 trabalhadores e anunciou que vai desligar, no próximo mês, trabalhadores em situação de cogestão, àqueles que prestam serviços ao hospital e mantêm o vínculo empregatício formal com empresas contratadas.
A audiência teria como foco discutir os critérios de demissão dos trabalhadores. Ficou comprovado que o Hospital Veredas fez os desligamentos sem observar critérios previstos na legislação. Foram demitidos profissionais perto do período de aposentadoria, assim como em tratamento de saúde ou simplesmente porque eram ligados à gestão anterior.
Sindicatos e Hospital Veredas se comprometeram a informar ao MPT, no prazo de 10 dias, a relação de pessoal cuja dispensa ensejaria arbitrariedade e qual o posicionamento empresarial acerca da manutenção destes desligamentos.
Segundo relatos das entidades trabalhistas na audiência, além de folhas salariais em atraso desde outubro de 2024, o Veredas não está pagando as rescisões contratuais, o que foi admitido pelos representantes da instituição, alegando que a irregularidade ocorria em função dos frequentes bloqueios das contas autorizados pela Justiça, inclusive a Trabalhista.
A procuradora do Trabalho Eme Carla Carvalho, que presidiu a audiência, lembrou que foram realizadas várias mediações em anos anteriores, sem que o Hospital Veredas alterasse a forma de utilização dos valores públicos repassados. O MPT considerou o movimento grevista justificado, reforçando que a regularização da situação- há anos enfrentada - apenas seria possível pela trilha de fiscalização e gerenciamento dos valores recebidos, especialmente recursos de origem federal.
Destacou ainda, que após a intervenção e alteração da gestão por força de atuação do Ministério Público Federal, as entidades sindicais devem fiscalizar a efetiva regularização dos pagamentos de verbas trabalhistas, ainda que seja paulatina, por conta do alto passivo trabalhista e concorrência de outros credores dos quais também se originam bloqueios judicias.
O MPT de Alagoas disse que a regularização nos meses seguintes do pagamento da folha de salários no prazo legal, demonstrará o "comprometimento da nova gestão com correta utilização dos valores sob sua administração, inclusive por constar na decisão judicial que determinou a intervenção a obrigatoriedade de priorizar pagamentos trabalhistas do quadro ativo".
Participaram da audiência representantes do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem no Estado de Alagoas (Sateal), Sindicato dos Técnicos em Radiologia e Auxiliares do Estado de Alagoas (Sintrae), Sindicato dos Técnicos e Auxiliares de Laboratório do Estado de Alagoas (Sintecal) e Sindicato dos Enfermeiros no Estado de Alagoas (Sineal).