ENTREVISTA
Economistas dão a solução para o agronegócio em Alagoas
Na semana passada, os economistas Elias Fragoso e Edimilson Veras apontaram saída local para a educação básica via modelo vencedor de Coruripe. Nesta edição eles discorrem sobre proposta para inflexionar positiva e radicalmente o setor agrícola através de modelo de agronegócio baseado na criação de polos agrícolas no estado.
Instados sobre a proposta foram incisivos: “Alagoas precisa reagir energicamente ao atraso econômico, pobreza generalizada e falta de projetos viáveis, o agronegócio é um desses importantes caminhos”, sentenciaram. Com situação fiscal mais equilibrada, dizem eles, Alagoas, pode – e deve – caminhar por novas rotas de crescimento ainda não exploradas adequadamente.
EXTRA - Por que a proposta de polos de agronegócio?
Prof. Elias Fragoso - É a forma moderna mais adequada para se dar uma forte inflexão no modelo de negócio agrícola praticado atualmente em Alagoas. É claro que a visão aqui é de médio e longo prazo. Não há mágicas. Mas algumas ações podem ser implementadas e dar respostas inclusive no curto prazo.
O modelo sugerido está em linha com atualíssima proposta de responsividade: implantação a partir de hipóteses testadas, forte participação do consumidor na definição do mix de produção, capacidade de resposta rápida às mudanças exigidas pelo mercado consumidor, forte e tecnificada especialização da produção. E métricas que assegurem a vitalidade e mantenham o consumidor no centro do negócio. Uma mudança e tanto. Possível, no entanto.
Num segundo momento, no médio/longo prazo, para potencializar ainda mais a geração de valor será utilizado inteligência artificial, avançadas tecnologias agrícolas, TI de ponta e big data no desenvolvimento de produtos de maior valor agregado.
Prof. Edimilson Veras - O modelo de agronegócio ajuda a superar as exigibilidades do mercado para melhor atender as necessidades do consumidor na medida em que racionaliza fatores de produção, aumenta a competitividade da cadeia produtiva, reduz custos operacionais, facilita o planejamento estratégico da produção, a gestão qualificada da informação, facilita o processo de comercialização da produção, a articulação com os agentes financeiros e com o mercado em geral.
EXTRA- Quais seriam os polos inicialmente implementados?
Prof. Elias Fragoso – A proposta é a implantação do polo de horticultura na região agreste (Arapiraca e entorno); o polo de fruticultura tropical na região da mata alagoana (incluso áreas desocupadas da cana de açúcar) e no entorno do Canal do Sertão; o polo de floricultura (na região do entorno da serra da Borborema, Mar Vermelho e municípios circunvizinhos) e na região de Mata Grande e Água Branca, a revitalização do polo de rizicultura e piscicultura (em Igreja nova, Penedo e entorno), a irrigação de produtos alimentares para consumo interno no entorno do Canal do Sertão em áreas selecionadas, a revitalização do polo da pecuária leiteira de Batalha e região. E a redefinição do modelo do polo agro açucareiro.
EXTRA - Qual o impacto disso na economia alagoana?
Prof. Edimilson Veras - Potencialmente, a implantação dos polos vai gerar no médio/longo prazo um incremento no valor bruto da produção agrícola da ordem de 50% podendo mais que dobrar no longo prazo. Um número muito significativo para Alagoas. Econômica e socialmente (neste caso com a alta geração de empregos no setor).
EXTRA - Qual a estratégia a ser adotada para a implantação do projeto?
Prof. Elias Fragoso - O modelo é o do agronegócio brasileiro. Já testado e de alta efetividade. Sua implantação será paulatina e, de acordo com a conclusão dos estudos de viabilidade de cada polo, da alocação dos recursos materiais, humanos e financeiros, das questões legais inerentes ao programa e do desenho final do modelo de relação governo-iniciativa privada.
O governo tem papel importante nas ações supletivas do projeto, como infraestrutura, pesquisa, assistência técnica, crédito rural e seguro agrícola, dentre outras. A gestão e operação dos polos segue o modelo vencedor do agronegócio brasileiro: cabe à iniciativa privada.
EXTRA - Sabemos que há um forte deficit qualitativo na mão de obra local e que o projeto exige qualificação empresarial e da força de trabalho, como esse problema será contornado?
Prof. Edimilson Veras - Veja bem, o modelo é empresarial. Privado. Serão atraídas empresas e empresários com histórias de sucesso no setor em todo o País, no nível técnico, serão centenas de empregos gerados para agrônomos, veterinários e técnicos agrícolas (após capacitação) e milhares empregos para o trabalhador rural. Pessoas oriundas da agricultura tradicional.
EXTRA - Como e quando será deslanchado esse processo?
Prof. Elias Fragoso - O processo se inicia
agora. Até o final deste ano, realizaremos seminários em Maceió e nas
principais cidades do Estado, simultaneamente estaremos realizando contatos com
entidades e lideranças representativas do setor agrícola e grandes empresas fornecedoras
de insumos para articular a viabilização do programa. E, claro, tratativas com
entes governamentais. Esperamos consolidar esta primeira etapa até o final do
primeiro quadrimestre de 2019.