Turismo: por que não deslancha?

Por 29/10/2018 - 11:06
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Foto: Divulgação
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Ninguém pode por em dúvida as inquestionáveis belezas naturais e as potencialidades turísticas de Alagoas que deveriam fazer do setor um dos aceleradores do desenvolvimento econômico do estado. Deveriam mas ainda está distante disso. Por uma série de erros acumulados ao longo de décadas que resultaram numa participação anêmica do setor no PIB estadual (em torno de 3%, se computado de forma direta).

Não se pode deixar de reconhecer os avanços que aconteceram. Mas, pelo tempo (cinco décadas) o setor deveria ter evoluído para o mesmo patamar de qualidade, profissionalismo e importância econômica de países ou estados com porte e características sociais similares às nossas. E não estamos. Há muito, muito mesmo a ser feito nesse sentido.

É preciso um olhar renovado para o turismo alagoano. Mais contemporâneo, profissional na gestão, criativo no marketing e apto ao amplo uso da tecnologia. Que fuja dos clichês do setor, dos pacotes genéricos e despersonalizados. Da mesmice. Da ausência de alternativas que façam o turista se sentir um “morador” local, ou que o faça enxergar estar sendo tratado de forma personalizada. Também é imperioso ampliar o turismo estrangeiro quase inexistente, o turismo de maior valor agregado, além de organizar e promover eficazmente nossos clusters.

Igualmente, é necessária uma revolução na (baixa) qualidade da infraestrutura (estradas, energia, água, internet, etc.) existente nas regiões turísticas de Alagoas, um dos maiores óbices já que, fora de Maceió, o problema é generalizado. Agora, por incrível que possa parecer, Alagoas não possui Plano Diretor do Turismo e este certamente é o mais agudo problema para o setor. Afinal, sem o norte que o Plano deveria prover para sua expansão, investimentos e desenvolvimento, certamente todos os caminhos se tornam muito mais íngremes e difíceis de serem percorridos pela iniciativa privada. O turismo de Alagoas precisa urgente dessa âncora.

Já passou da hora do setor deixar de ser uma promessa para se tornar um dos carros-chefes do nosso desenvolvimento. E o momento é ímpar. O Estado precisa com urgência redefinir seu modelo de negócio calcado no setor agroaçucareiro em dificuldades, redução de tamanho e importância, e o turismo é um dos segmentos capazes de respostas imediatas e baratas (dado seu retorno) àquela demanda.

Para tal é preciso romper paradigmas. Pensar “fora da caixa”, ter bons projetos capazes de derrubar a “muralha da China” erigida entre nossas potencialidades e a insatisfatória infraestrutura estatal, o atual modelo de negócio do segmento pautado na demanda (e não em produtos, serviços, tecnologia e mão de obra, a quase inexistência de dotação no orçamento estatal, a disfuncionalidade na alocação de recursos pelos agentes de fomento, que prioriza apenas os grandes empreendimentos), a ausência de dados confiáveis ou a eterna dependência do Estado provedor (e não a forte cobrança da ação indutora dos entes estatais).

Sem inovar na exploração adequada dos seus diferenciais e sem suporte dos entes estatais, Alagoas vai seguir na marcha batida de sempre como o faz há mais de 50 anos: apenas sonhando ter no turismo uma das suas principais fontes de desenvolvimento.

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