POLÍTICA NA 7ª ARTE
Netflix vai produzir filme sobre escândalo do Panama Papers

A história por trás da divulgação dos
milhares de documentos investigativos do Panama Papers vai ganhar um
filme pelas mãos da Netflix. A companhia anunciou na última semana ter
adquirido os direitos para uma adaptação, que será comandada pelo
produtor John Wells (The West Wing: Nos Bastidores do Poder).
O projeto será baseado no livro Panama Papers: Breaking The Story Of How
The World’s Rich and Powerful Hide Their Money (Panama Papers:
Destrinchando a história de como os mais ricos e poderosos do mundo
escondem seu dinheiro, na tradução livre), escrito pelos autores Bastian
Obermayer e Frederik Obermaier, os primeiros a divulgarem o vazamento e
coordenarem o grupo de jornalistas que publicou os arquivos.
Além de Wells, os jornalistas vão colaborar com Claire Rudnick Polstein e
o produtor executivo Zach Studin. Também faz parte da produção o
Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), sediado em
Washington e que também esteve envolvido na divulgação do escândalo.
Ainda não foi definido o elenco, nem quando começam as gravações, e uma
data de lançamento para o filme estrear no serviço de streaming deve ser
anunciada nos próximos meses.
Vale lembrar que esta não é a única produção cinematográfica sobre o
Panama Papers. No início de julho, o diretor americano Steven Soderbergh
(Che, Onze Homens e um Segredo) anunciou que vai produzir uma adaptação
do caso. Esta, por sua vez, será baseada no livro ainda não lançado
Secrecy World, do jornalista vencedor do Pullitzer, Jake Bernstein. O
roteiro é assinado por Scott Z. Burns, que já trabalhou com Soderbergh
em Contágio.
Sobre o Panama Papers
O Panama Papers é fruto de uma investigação feita pelo ICIJ sobre a
indústria de empresas offshore, aquelas que podem ser usadas para
esconder dinheiro e dificultar a origem de seus verdadeiros donos. O
ICIJ, com apoio do jornal alemão Süddeutsche Zeitung, teve acesso a 11,5
milhões de documentos ligados ao escritório de advocacia panamenho
Mossack Fonseca – daí o título "Panamá". Os arquivos vazados, que cobrem
um período de 40 anos (de 1977 até o final de 2015), foram organizados
por mais de 370 jornalistas de 76 países.
O acervo de documentos mostrou que a Mossack Fonseca, que tem
escritórios em outros países, é uma das maiores criadoras de empresas de
fachada do mundo. A documentação analisada apontou a criação de 214 mil
empresas offshore ligadas a pessoas em mais de 200 países e
territórios. As descobertas das investigações trazidas a público
envolvem 140 políticos de mais de 50 países, ligados a empresas offshore
em 21 paraísos fiscais. Nomes de chefes de Estado, ministros e
parlamentares de vários países aparecem no Panamá Papers, incluindo o
presidente russo Vladimir Putin.
Até celebridades são citadas nos arquivos, entre elas Jackie Chan e Emma Watson. No Brasil, a Mossack atendeu a pelo menos seis grandes empresas citadas na operação Lava Jato e pelo menos 57 pessoas ligadas ao processo. Além disso, o cruzamento de dados incluiu os 513 deputados federais, os 81 senadores e seus suplentes, os 1.061 deputados estaduais eleitos em 2014 e os 424 vereadores das 10 maiores cidades brasileiras. Entre os políticos citados direta ou indiretamente estão o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o usineiro e ex-deputado federal, João Lyra (PTB-AL).