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Trânsito causa morte de mais de 1 milhão de pessoas por ano
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou no em dezembro, que os acidentes de trânsito são a causa de morte de 1,35 milhão de pessoas por ano em todo o mundo. As Américas respondem por 12% dessas mortes, com o Brasil sendo palco de 25% de todos os óbitos regionais no trânsito.
Para o cirurgião geral do HGE, Amauri Clemente, a desatenção dos ciclistas e pedestres tem gerado essa repercussão, bem como, o uso do celular durante a condução do veículo. Apesar das fiscalizações e campanhas educativas promovidas pelos órgãos responsáveis pela organização do trânsito, o médico reforça que sem a conscientização pessoal a realidade não será sanada.
“É fundamental que as pessoas cumpram com as normas no trânsito, mesmo com os radares desligados, ainda que longe dos agentes de trânsito e das grandes cidades. Ainda é considerável e preocupante o número de pessoas que acham não ser importante usar capacete, cinto de segurança e outros equipamentos de proteção. O acidente não mostra sinais, ele acontece quando menos esperamos. Para cada dólar aplicado em prevenção, há redução de quatro dólares que seriam gastos com tratamento e reabilitação, conforme a OMS”, enfatizou Amauri Clemente, que também é presidente da Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado, em Alagoas
O Hospital Geral do Estado (HGE) realizou 7.838 atendimentos relacionados a acidentes de trânsito em 2018. Quando comparado ao ano anterior, a variação teve um leve aumento de 31 casos. Entretanto, de “leve” essa problemática não tem nada, uma vez que o sofrimento gerado a cada vítima é doloroso, se estende a cada ente querido e repercute diretamente na qualidade de vida do cidadão.
Entre os tipos de acidentes mais frequentes, destaque para os de moto, que representaram 3.221 casos (3.555 em 2017). As colisões foram as que mais cresceram em 2018, elas representaram 2.923 dos atendimentos (em 2017 foram 2.615). Os outros casos se dividem em atropelamentos (793 em 2017 e 881 em 2018), acidentes de bicicleta (514 em 2017 e 556 em 2018) e capotamentos (324 em 2017 e 257 em 2018).
O agricultor Alex da Silva Salvino, de 40 anos, faz parte dessas estatísticas. Interno na Ala G, especializada em cuidados ortopédicos, ele chegou ao maior hospital do Estado no último dia 1º de dezembro, após colidir em um cone que estava na rodovia BR-101, trecho entre as cidades de Boca da Mata e Messias.
“Eu estava indo para Rio Largo, quando enxerguei que existiam sinalizadores na pista, mas não entendi a direção que ele estava mostrando. Isso foi umas dez horas da noite, eu passei dos primeiros cones, mas teve um que não tive tempo de desviar. Bati, perdi o equilíbrio da moto e caí. Pelo que me falaram, as pessoas que passavam pelo lugar viram e chamaram o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], que me resgatou e trouxe para o HGE”, relatou Alex.
O agricultor é casado e pai de dois filhos. Por usar capacete, ele se livrou de um traumatismo cranioencefálico, entretanto, não escapou de uma fratura de fêmur distal na perna direita. No momento, ele está tratando os ferimentos para ser levado ao centro cirúrgico, onde será corrigido o osso. Toda essa situação inesperada tem mexido com a vida dele e das pessoas que tem carinho por ele.
“A moto é um veículo muito perigoso e toda cautela ainda é pouca. Nesse período não posso cumprir com minhas obrigações de pai de família, pelo contrário, minha família que está vindo cuidar de mim. Meu Natal e Réveillon foram no hospital, angustiado, pois mesmo recebendo toda a atenção e medicação, como a visita diária do médico, não eliminam todas as dores que sinto. Eu peço a cada motociclista para refletir sobre como estão dirigindo, pois a moto mata e as consequências se estendem a cada familiar e amigos”, disse o agricultor.