SAÚDE
Alagoas registrou 334 novos casos de hanseníase em 2018
Você costuma observar o aparecimento de manchas no seu corpo? E, quando elas aparecem, você fica preocupado? A artesã Maria José da Rocha, de 57 anos, moradora de Maceió, não precisou de mais do que uma mancha para identificar que poderia estar doente.
“Nossa, foi um choque. Eu tive uma retrospectiva da minha vida todinha. Comecei a lembrar de tudo que o meu pai viveu, aí eu fiquei imaginando que eu ia passar tudo o que ele passou em relação ao estigma e ao preconceito. Surgiam conversas assim ‘é um castigo que ele está levando de Deus por ele estar com hanseníase’, e aí se afastavam dele. E alguns dos filhos que sempre visitavam ele, não visitavam mais, não deixava os netos ver ele, e aí ele sofreu bastante. Eu sabia que tinha cura, o problema é que eu não queria viver aquilo que o meu pai viveu”.
Apesar de ter se curado, o pai da Maria José só foi diagnosticado e tratado após uma grande evolução da doença e, por isso, hoje tem sequelas. Já a artesã fez um tratamento de seis meses e foi curada. As consequências são graves para quem demora a buscar tratamento, já que a hanseníase é uma doença crônica transmitida por uma bactéria que invade o sistema nervoso e se espalha pela pele do paciente. Por isso, aparecem manchas pelo corpo que podem evoluir até a deformidade de membros, caso não sejam tratadas corretamente.
Apenas no ano passado, Alagoas registrou 334 casos novos da doença, 50% deles na forma mais avançada. Por isso, a preocupação da Secretaria de Saúde é sensibilizar a população para identificar os sintomas precocemente. É o que alerta a assessora técnica da Gerência e Controle das Doenças Transmissíveis, Rafaela Siqueira Campos.