Operação Overclean

PF investiga obra financiada por emendas de Lira no Sertão de Alagoas

Ex-presidente da Câmara é suspeito de superfaturamento e uso irregular do orçamento secreto
Por Redação 20/12/2025 - 07:02
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Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP)
O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP)

A Polícia Federal investiga suspeitas de fraude em uma obra de pavimentação avaliada em R$ 20,4 milhões no Sertão de Alagoas, financiada com recursos indicados pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira. O contrato é alvo da Operação Overclean, que apura um esquema de desvio e lavagem de dinheiro envolvendo emendas parlamentares destinadas ao DNOCS.

Segundo a investigação, esta é a primeira vez que Arthur Lira aparece formalmente citado no inquérito. A obra previa a pavimentação de vias no município de Ouro Branco, administrado por aliada política do parlamentar, e teria sido contratada por meio de atas de registro de preços consideradas irregulares pela PF.

Os investigadores apontam uma série de inconsistências no contrato, incluindo indícios de superfaturamento e tentativas de forjar atrasos na execução para justificar a liberação de novos recursos. Parte dessas manobras teria sido interrompida após a deflagração da Operação Overclean, iniciada em dezembro de 2024.

A obra foi executada pela empresa Allpha Pavimentações e Serviços de Construção, apontada como peça-chave do esquema investigado. A companhia pertence a empresários já presos em fases anteriores da operação e também é citada em relatórios da Controladoria-Geral da União, que identificaram irregularidades semelhantes em contratos na Bahia, incluindo fraudes em licitações e pagamentos acima dos valores de mercado.

De acordo com a Polícia Federal, em apenas dois meses, a empresa teria recebido cerca de R$ 9 milhões — quase metade do valor total do contrato. Há ainda suspeitas de que servidores do próprio DNOCS tenham inserido fotos antigas da obra no sistema oficial para simular um andamento inferior ao real, o que poderia resultar em pagamentos duplicados.

Procurado, Arthur Lira negou qualquer irregularidade. Em nota, afirmou não ter vínculo com a empresa contratada e sustentou que sua atuação se limitou à indicação do município beneficiado pela emenda. Segundo o parlamentar, a responsabilidade pela contratação, fiscalização e execução da obra cabe exclusivamente ao DNOCS. A assessoria também classificou as emendas parlamentares como instrumentos legítimos de política pública e defendeu a obra como uma demanda histórica da região.



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