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'Três de cada quatro casas no Flexal estão comprometidas', aponta laudo

Bairro foi um dos atingidos pela mineração da Braskem; famílias pedem justiça
Por Redação com assessoria 17/08/2020 - 12:54
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Divulgação
Distribuição das edificações que foram inspecionadas em estudo
Distribuição das edificações que foram inspecionadas em estudo

Uma pesquisa por amostragem feita em 45 das mais de 1 mil casas existente nos Flexal de Baixo e de Cima, regiões que pertencem ao bairro de Bebedouro, em Maceió, mostrou que três a cada quatro casas apresentavam estrutura comprometida em grau crítico. 

O levantamento revela que quem vivem nesses imóveis corre sérios riscos, tendo em vista que a gravidade das rachaduras, fissuras e afundamento do solo tornam o local inadequado. A constatação de grau crítico foi feita em 32 das 45 casas que passaram por uma inspeção predial feita entre os dias 3 e 7 de agosto.

A pesquisa ficou aos cuidados do engenheiro civil Alec Moura Sampaio, que foi contratado pelo Movimento Luto por Bebedouro. As outras 13 casas tinham comprometimento regular, que quer dizer que o imóvel oferece risco, mas uma boa reforma e reparos estruturais podem sanar o problema. 

Os dados detalhados desta inspeção por amostragem e os laudos feitos pelo engenheiro foram entregues ao Ministério Público Federal (MPF) na semana passada, acompanhado de um abaixo assinado com centenas de assinaturas de moradores e empreendedores das duas localidades.

Eles pedem uma audiência junto ao órgão ministerial. A ideia é que o MPF auxilie as famílias para que seus imóveis - que sofreram avarias pelo processo de mineração da Braskem - possam ser incluídos não somente no mapa de risco, mas também na lista de indenizações a serem pagas pela empresa.

“Essa inspeção foi uma amostra da situação de mais de 1 mil imóveis. A Defesa Civil precisa vistoriar adequadamente e incluir essas casas na área de risco 00, mas grande parte de Bebedouro está ainda na área de criticidade 01, quando deveria estar na 00", afirmou Israel Lessa, morador do bairro, ex-superintendente Regional do Trabalho e representante do Movimento Luto por Bebedouro.

Com o documento devidamente protocolado e o MPF ciente da situação, o Luto por Bebedouro aguarda o dia da audiência e espera que a CPRM seja convocada imediatamente para realizar os estudos de solo e apontar a real causa dos problemas apresentados nas estruturas dessas residências. 

“Até agora parecia que nós éramos invisíveis para o poder público. Eu já tinha procurado a Defesa Civil, não tive resposta e não sabia mais a quem recorrer. Minha casa pode desabar sobre a minha cabeça e eu não tenho para onde ir”, diz Graça França, proprietária de uma das casas classificadas como em estado crítico.

A dona de casa Joselma Evaristo também teve a casa classificada como com comprometimento crítico. “Tem rachaduras, fissuras, trincas por todo lado. O piso da sala está cedendo e ouço estalos direto. Cada estalo parece que a casa vai cair. Eu tenho muito medo de que esse telhado caia em cima de mim e da minha família. Estou até tomando remédio para tentar ficar mais calma”, desabafa.

No laudo, o engenheiro Alec Moura Sampaio mostrou preocupação, lembrando que, por muitas casas serem geminadas (uma colada à outra), alguns problemas na estrutura podem ter sua gravidade mascarada e recomenda fortemente que: “as autoridades locais sejam acionadas para descobrir qual é a real causa desses recalques de fundação, comuns a tantas casas em uma mesma região e se o problema representa um risco crescente à população local para que as autoridades possam tomar as medidas cabíveis”.

Confira o laudo na galeria de arquivos

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