EDUCAÇÃO
Sinteal acusa secretário de colocar vidas de profissionais e alunos em risco
Alexandre Ayres informou que aulas do ensino público devem voltar no início de 2021
O Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal) emitiu nota repúdio, na manhã desta sexta-feira, 4, criticando o retorno das aulas presenciais na rede pública de Alagoas que foi anunciada para o início de 2021 pelo Secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, na tarde desta quinta-feira.
“Estamos sofrendo muito com esse formato de aula online desde o início da pandemia, sabemos que há prejuízos para todos. Mas nada justifica que governantes coloquem milhares de famílias em risco de contaminação. As notícias são alarmantes, estamos vendo os hospitais lotando, a pandemia que tinha estabilizado voltando a subir de forma muito rápida. Serão feitas testagens em massa nos trabalhadores e estudantes? Não dá pra estar aglomerando pessoas em salas de aula sem fazer testagem”, criticou Consuelo Correia, presidenta do Sinteal.
De acordo com a sindicalista, o Sinteal se reuniu esta semana com o secretário de Estado da Educação e esse plano de retomada sequer foi mencionado. “Ainda estamos preocupadas com a questão pedagógica de 2020, que está sem definições. Na rede estadual, por exemplo, foi um ano difícil, que os educadores trabalharam mais e em piores condições que o normal, mas mesmo assim ainda não se sabe como será finalizado. Foram mudanças de plataforma, alunos com dificuldade de acesso, entre outros problemas”, relatou.
Desde o início da pandemia, em março, especialistas têm alertado para o alto risco que o ambiente escolar traz para a contaminação. De acordo com uma pesquisa publicada no site El País, colocar 20 pessoas em sala de aula implica em 808 contatos cruzados.
“Por que essa precipitação de anunciar na imprensa sem antes discutir com a parte interessada? Por que dar uma data tão próxima em tempo de tanta incerteza? Quem vai se responsabilizar pelas milhares de vidas que estarão em risco, que já entraram em pânico desde ontem ao saber dessa forma?”.
Em outros lugares, as aulas chegaram a ser retomadas e as consequências foram imediatas, obrigando a recuar. “Não precisamos passar por isso, esperamos que o Governo de Alagoas repense. A centralidade nesse momento é garantir a vida das pessoas, e não o calendário. Calendário a gente recupera, ano letivo se recupera. Tem prejuízo sim, mas a gente pode buscar outro formato e ir recuperando isso”, finalizou Consuelo.
Covid-19 em Alagoas
O número notificado de novos casos de covid-19 em Alagoas vem registrando alta e, em decorrência desse quadro, também aumenta a quantidade de leitos ocupados nas UTIs para pacientes graves da doença em Maceió e no interior do Estado.
Nesta quinta-feira, a reportagem do Extra fez o levantamento desses leitos e descobriu que nas unidades de saúde da rede pública no Estado a taxa de ocupação das UTIs está entre 50% a 100%.Em Maceió, o Hospital da Mulher, que tem 45 leitos de UTI para adultos, registra a ocupação de 51% dos leitos, ou seja, 23 pacientes internados em estado grave. Já o Hospital Metropolitano tem ocupação de 50% dos leitos de UTI. A capital dispõe atualmente de 80 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo para adultos, dos quais 49% já estão com pacientes. No interior, o quadro não é mais animador.
A Unidade do Agreste, em Arapiraca, conta com 20 leitos de UTI e está com uma taxa de ocupação de 55%. O Hospital Santa Rita, em Palmeira dos Índios, registra 50% de leitos com pacientes. A unidade tem apenas 6 leitos de UTI para a tender uma das regiões mais carentes de serviços de alta complexidade na saúde.O Hospital Clodolfo Rodrigues, em Santana do Ipanema, possui apenas 10 leitos de UTI e está com 60% deles ocupados. A Santa Casa de Misericórdia em São Miguel dos Campos só tem um leito de UTI, no momento ocupado.No interior, existem 64 leitos nas UTIS disponíveis a pacientes com covid.
Desse total, 27 estão ocupados, ou 42% no geral. Quem tem plano de saúde ou pode pagar pelo atendimento particular também não deve ficar tranquilo e crer que, se precisar, haverá facilidade de disponibilidade de leitos. Hoje, por exemplo, o Hospital do Coração suspendeu o atendimento emergencial porque todos os leitos de UTI estão ocupados. O Hospital Unimed também suspendeu as cirurgias eletivas porque os leitos de UTI devem ser reservados aos pacientes com covid, o que significa dizer que a demanda de casos graves da doença tem aumentado.No boletim epidemiológico divulgado nesta quinta-feira pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesau) as notificações de casos confirmados em laboratório para infecção pelo coronavírus chega a 95.643 em Alagoas. Desse total, 2.346 pessoas faleceram em decorrência da gravidade da doença.Na semana passada, dados do Imperial College de Londres apontaram que a taxa de transmissão do novo coronavírus no Brasil foi a maior desde maio. O índice estava em 1,30 – cada 100 pessoas contaminadas transmitem o vírus para outras 130 pessoas.
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