CAIXA
Cliente perde R$ 17 mil em golpe e recebe ‘banana’ de segurança do banco
Valores foram movimentados da conta pessoal após troca de aparelho celular
Uma cliente da Caixa Econômica Federal em Maceió foi vítima de um golpe que lhe causou um prejuízo de aproximadamente R$ 17 mil. Não bastasse a péssima notícia, ao chegar na agência da instituição no bairro do Farol, na última segunda-feira, 11, para tentar resolver o problema, seu esposo foi tratado com gestos obscenos por uma segurança armada do banco.
Em vídeo ao qual o EXTRA teve acesso e amplamente compartilhado nas redes sociais, é possível ver a funcionária terceirizada impedindo o homem de entrar na segunda seção do prédio, onde ficam os gerentes de atendimento, e dando dedo para o esposo da cliente. A imagem, no entanto, não será reproduzida pelo jornal a pedido da própria Caixa, que alegou a necessidade de preservar o sistema interno de segurança e seus respectivos clientes.
O esposo e a vítima, que preferem manter a identidade em sigilo por medo de represália, relataram ao EXTRA que a dor de cabeça começou no dia 29 de setembro, poucos dias após ela trocar de celular e instalar o aplicativo do banco. Depois de fazer todo o trâmite para autorizar o novo dispositivo com a ajuda de funcionários da agência, os valores começaram a ser descontados.
“No dia 28 fui usar o cartão durante a noite e ele estava bloqueado. Quando olhei no aplicativo já haviam sido feitos Pix, Teds, Docs e pagamentos de boletos. Liguei para a Caixa através da Central do Cliente e eles não conseguiram resolver nem bloquear o aplicativo. No dia seguinte fui diretamente à minha agência e antes de chegar lá retiraram o resto do dinheiro”, conta a vítima de uma possível clonagem de dados.
“Disseram que eu tinha que abrir uma contestação onde relatei toda a história. Quando foi dia 11 de outubro informaram que a Caixa deu como se não tivesse sido fraude e aí foi aberta outra contestação. Meu esposo estava lá comigo e eu só sabia chorar por conta do resultado pelo fato de ter realmente sofrido um golpe e a Caixa deveria se responsabilizar por esse valor”, lamenta.
‘Banana’ como recompensa
Não bastasse o prejuízo, o marido da vítima foi impedido de entrar na agência da Caixa do Farol para consolar a companheira e ainda recebeu gestos obscenos de uma segurança que fazia a guarda da entrada da segunda seção do prédio e que ao notar que estava sendo filmada, passou a se esconder.
“Não deram satisfação e falaram que não tinha risco de fraude e nada foi devolvido. Isso não existe, foi um golpe, uma fraude, tiraram dinheiro da minha conta. Como a Caixa libera tanto dinheiro assim sem pedir autorização ao cliente com tantas transações em menos de 10 minutos?”.
Vale ressaltar que desde junho deste ano, com o número crescente de fraudes e golpes envolvendo aplicativos de bancos, entidades de defesa do consumidor notificaram bancos a provarem que não existem falhas na segurança dos aplicativos das instituições para que, assim, não sejam obrigados a ressarcir as vítimas de golpes.
Segundo as entidades, desde o surgimento do Pix e com a popularização de aplicativos de transferências bancárias, um novo esquema foi descrito por pessoas que tiveram o celular roubado ou clonado e tiveram dinheiro transferido pelos bandidos através dos apps das instituições financeiras.
Sobre o ocorrido com o esposo da vítima do golpe ouvida pelo EXTRA – uma enfermeira – a Caixa informou que condena e repudia o comportamento de empregados e terceirizados e que as devidas providências estão sendo adotadas junto à empresa terceirizada.
“A CAIXA ressalta que realiza treinamento contínuo com empregados quanto à qualidade no atendimento com os clientes, bem como reforça com as empresas terceirizadas a qualificação de seus funcionários quanto à conduta esperada pela instituição”, afirmou por meio de nota.
Em relação à denúncia de golpe, o banco disse que pedidos de contestação podem ser realizados em qualquer agência. “Quanto ao pedido de contestação realizada pela cliente, a instituição informa que foi realizada solicitação de nova análise”.
O que fazer
Como os criminosos fazem as movimentações nas primeiras horas após o roubo de dados, o primeiro passo, para evitar um prejuízo ainda maior, segundo recomendações do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor e da Federação Brasileira de Bancos é notificar o banco. Em seguida, avisar a operadora de telecomunicações e fazer um boletim de ocorrência.
Caso sejam feitas movimentações, é orientado que seja feito o pedido de ressarcimento ao banco dos valores retirados. Em caso de resposta negativa, é possível acionar o Procon ou o Banco Central.
Outras dicas de segurança da Febraban incluem: usar procedimento de bloqueio da tela de início do celular, nunca utilizar o recurso de “lembrar/salvar senha”, jamais anotar senha em blocos de notas, e-mail ou aplicativos de mensagens e não repetir senha do banco em outros serviços.
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