NOBEL DA EDUCAÇÃO
Alagoana está na disputa de melhor estudante do mundo
Ana Júlia competiu com 3,5 mil estudantes de 94 países; resultado do Global Student Prize acontece dia 10 de novembro
Alagoas, o Brasil e a América Latina estão na torcida pela estudante alagoana Ana Júlia Monteiro de Carvalho, que concorre ao Global Student Prize – premiação que homenageia um aluno ao redor do mundo que cause impacto em sua comunidade, ao meio ambiente, saúde, justiça e amenize a pobreza. Aos 18 anos e no 3º ano do ensino médio, ela é a única da América Latina no top 10, considerado o Nobel da Educação. O anúncio do vencedor que vai lEvar o prêmio de US $100.000 acontece de forma remota na próxima quarta-feira, 10 de novembro.
Até lá, a torcida é pela Ana Júlia que segue vida de celebridade. Entrevistas, encontros, conselhos e uma infinidade de vibrações positivas povoam seu universo nos últimos dias. Embora todos os holofotes estejam voltados para ela, quando questionada como é se tornar um fenômeno tão de repente, disse que não esperava que teria esse tipo de repercussão “por ser algo educacional”, pois geralmente não há interesse nesse tipo de causa. “Fiquei muito feliz com a atenção que as pessoas deram à esse prêmio e a esperança que isso trouxe a elas”, agradeceu.
A alagoana competiu com mais de 3,5 mil estudantes de 94 países para chegar à fase final do prêmio criado pela Fundação Varkey em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Com tanto sucesso, ela confessa que não imaginava que estaria na disputa e muito menos que chegaria ao top 10. “Acredito que a importância de ser uma Top 10 finalista é representar não o Brasil, mas também toda a América Latina. Assim, mostrando à minha comunidade que somos todos capazes”, comparou.
Modesta, a estudante da Escola Industrial Abelardo Lopes, do Serviço Social da Indústria (Sesi)-Maceió, afirmou que nem acreditava que estaria no Top 50. “Quando recebi a notícia fiquei muito feliz. Já estava satisfeita, mas quando alcancei o Top 10 me emocionei, imaginei que a América Latina é uma região enorme e aqui tem um pontinho nessa competição, que sou eu”, comparou.
Ana esclarece que não submeteu um único projeto à competição. “O Global Student Prize é um prêmio de liderança, eu submeti a mim mesma, minha jornada, meus projetos, minhas experiências”, completou.
Garota prodígio, confessa que não tem ideia de com quantos anos aprendeu a ler e escrever- acredita que no tempo certo- mas foi aos 12 anos que Ana sentiu que poderia fazer mais, ir além do ensino convencional. E assim, surgiu o interesse pela pesquisa científica. De princípio, tentou participar das equipes de robótica, mas a idade não permitiu. Não se deixou por vencida, criou um projeto e apresentou à coordenação e aos professores. No ano seguinte, lá estava ela fazendo parte da equipe. A felicidade foi total e começou a desenvolver um projeto que tinha objetivo de elevar a qualidade da produção de caprinos e ovinos em países em desenvolvimento. A família foi peça fundamental. Estava ao seu lado durante as competições, permitia que viajasse com a escola, sempre apoiando para que ela alcançasse seus objetivos.
Ana Júlia sempre teve vontade de fazer as coisas de um jeito diferente, até para se comunicar. Na verdade, Ana é diferente. E foi lá por volta dos 12 anos que surgiu o interesse pela robótica. Fez a seletiva várias vezes e posteriormente passou para a FISRT LEGO League, uma competição internacional de robótica. Nestes anos, já viajou com a equipe para competições internacionais de robótica no EUA e Uruguai, onde conquistou o 1st Place Gracious Professionalism e o 3rd Place Overral Core Values Award. Recentemente, participou da International Avicenna Science Fair, onde conquistou uma medalha de ouro em engenharia.
Mente brilhante, a candidata a top 10 mundial deixa um recado de otimismo. “Minha mensagem seria que 50% de todo sucesso é confiança. Confie em si mesmo e em sua capacidade, o resto são só tropeços. Outra coisa, não ache que só existe um caminho para a vitória, não é porque eu segui na área de robótica e me dei bem que isso será verdade para todos. Cada um possui sua própria área. Faça o que te fizer feliz”, aconselhou.
Com sede do saber, ela argumenta que se você quiser mudar uma realidade tem que sair de sua caixinha e visualizar como o resto do mundo está funcionando. “Eu quero saber como o resto do mundo funciona para ter um conhecimento adequado pra isso. Vou fazer universidade no exterior, provavelmente engenharia, não sei ainda. Uma mensagem que deixaria para os estudantes é que tudo é possível. Você não tem menos capacidade que ninguém”, incentivou.
Projetos
Ana Júlia não sabe ao certo quantos projetos já desenvolveu, mas dois se destacam: o aerador sustentável e a telha ecosururu. Este último utiliza a casca do sururu, um molusco bastante apreciado em Alagoas e em outros estados da região Nordeste. Porém, após a pesca do sururu, a casca é jogada fora. E foi pensando em sua reutilização que a equipe de Ana Julia resolveu recolher e triturar o material e misturar com o cimento para fabricar telha sustentável.
O aerador sustentável é um mecanismo eólico desenvolvido para melhorar a qualidade da água dos animais de rebanho, principalmente de caprinos e ovinos, e também a qualidade do leite. Com a força do vento, hélices movimentam um aerador, que ajuda a evitar a proliferação de bactérias e micro-organismos na água, garantindo consequentemente uma melhor saúde para os animais e impactando no leite que produzem.
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