INJÚRIA RACIAL

Ufal se pronuncia sobre ato racista cometido por ex-professor

Por Adja Alvorável / Estagiária sob supervisão 26/11/2021 - 19:12
Atualização: 26/11/2021 - 20:07
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Divulgação / Ufal
Ufal divulga nota de repúdio ao ato racista sofrido por Luís Felipe
Ufal divulga nota de repúdio ao ato racista sofrido por Luís Felipe

A Universidade Federal de Alagoas se pronunciou nesta sexta-feira (26) sobre o caso de racismo sofrido pelo vendedor Luís Felipe Mesquita. O suspeito de ter cometido o crime é um professor aposentado do curso de Economia da instituição. 

Em nota, o reitor da Universidade Federal de Alagoas, Josealdo Tonholo, afirma repúdio a toda e qualquer forma de racismo e de desrespeito a dignidade humana. "Este ato criminoso não é admissível, ainda mais vindo de alguém que deveria estar em sala de aula exercendo o seu papel de mediador em prol de uma sociedade mais justa”, diz o documento. O texto destaca, ainda, que o reitor "colocou toda estrutura da Ufal à disposição, inclusive, caso necessário, para atendimento psicossocial".

A Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEAC) também se posicionou sobre o caso. "Expressamos todo nosso apoio à vítima e condenamos qualquer ato ou palavra que busquem diminuir, atacar ou estigmatizar qualquer cidadão. Nos juntamos ao clamor social em busca de uma apuração célere dos fatos e punições exemplares para tais ações", diz a nota divulgada em redes sociais.

O crime

Luís Felipe procurou o 6º Distrito Policial na última quinta-feira (25) para denunciar o crime. Ao portal Cada Minuto ele relatou que, sempre que se deslocava ao banheiro do shopping onde trabalha, notava a presença de um senhor magro e baixo, que sempre repetia gestos ofensivos direcionados ao vendedor. "Ele me olhou e fez sinal de macaco, além de sinal de morte. Ele repetia o mesmo gesto e ações referentes ao meu cabelo e cor de pele”.

Os abusos perduraram por quatro meses. “Depois de muito tempo, fui perguntar por qual motivo ele fazia aquilo e ele respondeu que eu ‘era o amigo neguinho da loja, o amigo cafuçu do shopping’. Não aceitando a situação fui até a segurança, que nada fez”, disse.

Felipe afirmou que, além das agressões verbais, chegou a sofrer agressões físicas. “Um dia ele entrou no meu trabalho, puxou meu cabelo e falou que ia ‘tacar fogo em mim‘, me chamando de vários nomes horríveis. Comecei a gritar, pessoas presenciaram, falei com a gestão do shopping e novamente ninguém fez nada”.

Felipe afirmou que o homem já é conhecido no shopping por fazer atos obscenos, homofobia, discriminação do sexo e assédio.

O advogado criminalista, Roberto Moura, enfatizou que o suspeito ameaçou e abalou psicologicamente o cliente. Ele disse ainda que o suspeito será acusado por injúria racial e perseguição. Segundo Roberto, esse é o segundo boletim de ocorrência aberto e reforçou que o shopping se recusou a enviar as reclamações e que nenhuma atitude foi tomada para impedir que o suspeito entrasse no estabelecimento. “A próxima etapa é aguardar as testemunhas, ouvir o agressor, finalizar o inquérito e enviar ao MP [Ministério Público]”.

Em nota, o Parque Shopping Maceió ressaltou que repudia qualquer forma de discriminação e se solidariza com Luis Felipe, funcionário de uma das lojas do empreendimento. O shopping esclarece que acolheu Luis Felipe no Serviço de Atendimento ao Consumidor, registrando as ocorrências. A administração do shopping reforça que está à disposição das autoridades competentes para colaborar com as investigações.

A vítima está tendo apoio do Instituto Negro de Alagoas (Ineg/AL) e um grupo de advogados.

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