ANUÁRIO DE SEGURANÇA
Uma criança foi estuprada por dia em Alagoas no ano passado
Estado apresenta número alarmante de 650 casos de estupros de vulneráveis em 2021
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022 expôs mais uma vez o que o brasileiro já sabe: vivemos em um país violento. E Alagoas – embora tenha registrado diminuição no ranking da violência – ainda é refém de crimes sangrentos. Para se ter uma ideia, apenas no ano passado foram 1.042 homicídios, 23 latrocínios, 4 casos de lesão corporal seguida de morte, 3 policiais assassinados e 63 óbitos decorrentes de intervenção policial.
Em comparativo, Alagoas registrou mais homicídios dolosos que o Mato Grosso (749), Piauí (736), Santa Catarina (641), Sergipe (560) e Distrito Federal (310). Entre os números mais alarmantes estão os casos de estupros de vulneráveis, que só em 2021, foram 650 casos. Ou seja, um menor de 14 anos foi estuprado por dia em Alagoas.
O local da violência também permanece o mesmo: 76,5% dos estupros acontecem dentro de casa. Em âmbito geral, as armas de fogo permanecem como o principal instrumento utilizado para matar, com 98,4% das mortes decorrentes de intervenção policial; 75% dos homicídios dolosos; 65,9% dos latrocínios (roubos seguidos de morte); e 11% das lesões corporais seguidas de morte. Além disso, 35,2% das mortes violentas intencionais de 2021 foram cometidas nos finais de semana, aos sábados e domingos.
Homicídios dolosos e latrocínios apresentam, em média, homens como 90% de suas vítimas, sendo mulheres 10%. Já os casos de lesão corporal seguida de morte e intervenção policial com resultado morte são ocorrências que praticamente só vitimam homens, com 96,7% e 99,2% dos casos, respectivamente. Vale destacar que o estado faz parte do chamado Grupo 1, uma forma que o anuário encontrou para medir a qualidade dos registros estatísticos oficiais de mortes violentas intencionais.
Com pontuação de 91,34, Alagoas encabeça o ranking de estados que contabilizam seus mortos de maneira exemplar, vencendo todo aparato técnico de São Paulo e Rio de Janeiro, que amargaram a 16ª e 21ª colocações, respectivamente. Ambos fazem parte do Grupo 2 em excelência de estatísticas. Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima são os últimos colocados na lista, formando o Grupo 3.
Mortes por policiais
Em 2020, Alagoas registrou 12 casos de mortes decorrentes de intervenções de policiais civis em serviço. No ano passado, esse número foi de 20 casos. Em contraponto, estaria a Polícia Militar menos violenta? O número de mortes por PMs caiu de 74 ocorrências, em 2020, para 43 óbitos em 2021.
No Brasil, mais especificamente, existem 86 corporações policiais atuando sem maior padronização ou coordenação federal. Tanto é que, mesmo entre as Polícias Militares, que são estaduais e as que possuem maiores efetivos, com mais de 406 mil policiais militares na ativa, os padrões e as formas de atuação são muito diferentes e, geram, por exemplo, situações como a da PM do Amapá, que é responsável por 31,8% de todas as MVI daquele estado em 2021. Ou a do Distrito Federal, onde, em contraposição ao Amapá, a Polícia Militar é responsável por apenas 2,3% das mortes violentas intencionais.
O anuário também apontou aumentos significativos de mortes de policiais em alguns estados. São os casos de Rio Grande do Norte (cinco casos em 2020 contra onze casos em 2021, todos por lesões corporais), Rio Grande do Sul (que registrou seis casos contra nenhum em 2020), Bahia, em relação aos policiais militares (um caso em 2020 contra cinco casos em 2021) e Rio de Janeiro (aumento de 45,5%, com 64 casos registrados em 2021 ante 44 em 2020). Em Alagoas, um caso de PM morto foi registrado em 2020 e dois casos em 2021.
Apresentam também queda de suicídios de policiais, no comparativo 2020-2021, os estados da Paraíba (dois casos ante nenhum em 2021) e Paraná (11 casos ante seis em 2021), com uma queda de 45,5%. Com menores números absolutos, mas também com um cenário de queda, são encontrados os estados de Alagoas (um caso em 2020), Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rondônia, Roraima e Tocantins.
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