POLÍCIA
Delegados vão pedir prisão preventiva de PMs envolvidos na morte de Marcelo Leite
Empresário foi atingido por disparo de fuzil na madrugada de 14 de novembroOs delegados Gustavo Xavier e Igor Diego, da Divisão Especial de Investigação e Capturas, vão pedir a prisão preventiva dos policias militares envolvidos na operação que resultou na morte do empresário Marcelo Leite, atingido por um tiro de fuzil nas costas durante abordagem no dia 14 de novembro do ano passado.
Em entrevista coletiva sobre o caso, os delegados que fazem parte da comissão criada para investigar as circunstâncias da agressão e esclarecer a polêmica criada com os depoimentos dos militares envolvidos, afirmaram que há indícios suficientes e prova de materialidade dos fatos para indiciar os três policiais que realizaram a trágica operação. Os nomes dos militares são mantidos em sigilo.
O Comandante da viatura será indiciado não só pela prática de homicídio doloso, segundo informou o delegado Xavier, porque no momento que os disparos foram feitos ele assumiu o risco, mas também por fraude pós processual, já que uma arma de fogo foi "plantada" no veículo da vítima para induzir o poder Judiciário ao erro e justificar os disparos contra Marcelo Leite.
O segundo militar será indiciado por fraude processual e denúncia caluniosa em razão de ter apresentado a arma na Central de Polícia e o terceiro, por fraude processual. Os delegados vão enviar ao Ministério Público de Alagoas a representação com medidas cautelares, entre as quais a prisão preventiva de dois militares e o afastamento das funções do terceiro militar. Atualmente o trio está em liberdade.
A grande polêmica do caso foi a declaração da equipe da PM de que o empresário havia apontado uma arma para a viatura no momento da abordagem policial. A família de Marcelo Leite contestou a informação e garantiu que o empresário era avesso a armamentos. Os delegados que investigaram o caso afirmaram que "nunca existiu arma de fogo dentro do veículo do condutor[Marcelo]. Ela teria sido colocada no veículo logo após os policiais perceberem que o condutor tinha sido atingido. Essa arma seria necessária para simular uma legítima defesa para que as testemunhas que visualizaram a ocorrência pudessem corroborar a versão", informam os delegados.
No momento em que o veículo se deparou com as viaturas, dois militares alegaram que viram o condutor do veículo com uma arma de fogo. A perícia constatou que nas condições de luminosidade era possível visualizar perfeitamente se o empresário tivesse portanto algum objeto, porém não afirmou que isso foi o que ocorreu.
"Diante dos argumentos trazidos, entendemos que a arma de fogo não existiu, não estava dento do veículo e foi apresentada posteriormente na delegacia. Além dos policiais incorrerem na fraude processual também vão responder por denunciação caluniosa por prejudicarem a imagem do condutor do veículo" informaram os delegados.
O disparo que atingiu Marcelo Leite foi efetuado por um militar do 3º Batalhão da PM. Marcelo morreu no dia 05 de dezembro, em um hospital em São Paulo para onde foi transferido quando o estado de saúde dele se agravou.
O crime foi investigado pela comissão da Divisão Especial de Investigação e Capturas (DEIC) formada pelos delegados Igor Diego, Coordenador da DEIC, Filipe Caldas e Sidney Tenório. Participaram da coletiva também o delegado-geral da Polícia Civil, Gustavo Xavier, e o Chefe Especial do IC, Welington Melo.
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