CASO MARCELO LEITE

Advogado da família do empresário morto por PMs questiona inquérito

Polícia Civil indicia 3 dos 6 militares envolvidos e pede a prisão preventiva de 2
Por Bruno Fernandes 12/02/2023 - 07:37
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Divulgação
Imagens da simulação do dia em que Marcelo Leite foi alvejado
Imagens da simulação do dia em que Marcelo Leite foi alvejado

O advogado que representa a família do empresário Marcelo Leite, morto por policiais militares em novembro do ano passado, em Arapiraca, não ficou satisfeito com o desfecho do inquérito poli­cial anunciado na última terça-feira, 7, pelo delegado geral da Polícia Civil, Gustavo Xavier, e pela comissão de delegados da Deic (Divisão Especial de Inves­tigações e Capturas) nomeada para investigar o caso. Ao EX­TRA, o advogado Leonardo Mo­raes confessou que esperava um pouco mais, diante da confirma­ção dos indícios de que a arma supostamente encontrada com o empresário foi “plantada” pelos militares.

Embora a abordagem desas­trosa tenha contado com seis militares divididos em duas via­turas (Pelopes 1 e Pelopes 2), no inquérito policial foram indicia­dos apenas o cabo Jilfran Santos Batista por homicídio doloso, fraude processual e denuncia­ção criminosa, o soldado Ariel Oliveira Santos Neto, por fraude processual e denunciação crimi­nosa, e o soldado Xavier Silva de Moraes por fraude processual. Os três eram ocupantes da Pe­lopes 1.

Os delegados também pedi­ram a prisão preventiva de dois dos militares indiciados: Jilfran e Ariel. “Estamos quase que to­talmente satisfeitos. Existem agentes públicos da outra via­tura que realizaram afirmações inverídicas durante o inquérito e também deveriam ter sido de­nunciados visto que dar falso testemunho na delegacia tam­bém é caracterizado crime con­tra a imagem do Marcelo”, disse Leonardo de Moraes, afirmando que agora aguarda parecer do Ministério Público de Alagoas para planejar os próximos pas­sos.

De acordo com o delega­do Igor Diego, coordenador da Deic, “os policiais da segunda guarnição não cometeram ne­nhum crime. Eles só atiraram nos pneus depois de terem sido alertados pela Pelopes 1, o que caracteriza cumprimento do de­ver legal em uma abordagem e não colocou em risco a vida do empresário”.

Ainda segundo o delegado, ao longo dos quase três meses de investigação foram ouvidas sete testemunhas que tiveram as versões confrontadas com as dos policiais e que, aliadas às provas da polícia científica, foram encontrados indícios de crimes apenas contra os poli­ciais da primeira viatura que supostamente teriam avistado um revólver calibre 38 junto ao empresário no veículo modelo Creta.

“No momento em que o veí­culo se deparou com as viaturas, dois militares alegaram que vi­ram o condutor do veículo com uma arma de fogo, mas a perí­cia constatou que nas condições de luminosidade era possível visualizar perfeitamente se ele tivesse portando algum objeto, mas a perícia não afirma que ele estava portando arma de fogo. Diante dos argumentos trazi­dos, entendemos que a arma de fogo não existiu, não estava den­tro do veículo e foi apresentada posteriormente na delegacia”, completa.

Arma plantada


Ao EXTRA, o delegado Welington Melo detalhou parte da investigação que levou à convicção da Polícia Civil de que o revólver foi “plantado” no veículo da vítima. “Ouvimos sete testemunhas ao longo dos três meses e, depois de con­frontar as versões com o que os militares contaram na delega­cia e depois em novos depoi­mentos, foi possível entender o que de fato tinha acontecido naquela noite”.

Mesmo com as testemu­nhas afirmando que não foram encontradas armas no local, aliado ao laudo da perícia afirmando que, seria possível apenas observar objetos no in­terior do veículo e não afirmar do que se tratava, os militares mantiveram a versão durante os depoimentos.

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