DESASTRE AMBIENTAL

Derramamento de melaço impacta Lagoa do Jequiá e famílias de pescadores

MP de Alagoas faz inspeção local para iniciar processo de indenização às famílias afetadas
Por Tamara Albuquerque com assessoria 02/09/2023 - 07:55

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MP/AL
O ICMBio, que atua na Resex Lagoa do Jequiá, atualizará o cadastro das famílias de pescadores em busca por indenizações
O ICMBio, que atua na Resex Lagoa do Jequiá, atualizará o cadastro das famílias de pescadores em busca por indenizações

O derramamento de melaço da Usina Porto na Lagoa do Jequiá, acidente trágico ocorrido em 2020, levou o Ministério Público (MP/AL) de Alagoas a fazer uma inspeção ao longo do manancial, indo à comunidade da Mutuca em Jequiá da Praia, no litoral sul. O trabalho, três anos após o evento, foi realizado na última quinta-feira, 31, com objetivo de averiguar a situação dos pescadores afetados e buscar compensações para as famílias que perderam sua principal fone de sobrevivência após o evento. 

A visita foi coordenada pelos procuradores da República Roberta Bomfim e Lucas Horta, como parte de procedimentos que apuram os impactos aos pescadores tradicionais da Reserva Extrativista e os danos ambientais decorrentes, segundo divulgação do MP. 


Em 2020, o Rio Jequiá foi contaminado por um derramamento de melaço após o rompimento de um tanque na Usina Porto Rico. Segundo a empresa, cerca de 15 mil litros de melaço foram lançados no rio, que é utilizado para pesca, abastecimento de povoados, irrigação e agricultura. A lagoa ainda sofre os efeitos do desastre até hoje, segundo os pescadores.

O agente poluente percorreu mais de 12 km até chegar à comunidade da Mutuca, a primeira da Resex (Reserva Extrativista) Lagoa do Jequiá, mas também afetou outras quatro comunidades e desequilibrou todo o ecossistema lagunar, causando a morte de centenas de peixes e crustáceos, afetando a subsistência das famílias de pescadores por vários meses, informa o MP.

O melaço é um subproduto da cana-de-açúcar, gerado durante a centrifugação na produção de açúcar. Ele é usado na fermentação para produção de álcool, bem como na fabricação de cachaça, rum, fermentos biológicos e até como ração para animais.

A Lagoa do Jequiá é a maior em volume de água do estado de Alagoas e também a mais preservada. Na Resex, são os pescadores que desempenham um papel crucial na conservação ambiental, conscientes de que o futuro das próximas gerações depende diretamente desse ecossistema.


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