MEIO AMBIENTE

Mercúrio no complexo Mundaú-Manguaba ameaça saúde de pescadores em Maceió

Exposição humana pode causar câncer, doenças cardiovasculares e diabetes
Por Redação 19/03/2024 - 09:47

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Agência Brasil
Complexo Mundaú-Manguaba, nos bairros do Vergel, Pontal da Barra e Bebedouro
Complexo Mundaú-Manguaba, nos bairros do Vergel, Pontal da Barra e Bebedouro

Um estudo realizado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e divulgado nesta terça-feira, 19, revelou altos índices de exposição ao mercúrio entre pescadores e marisqueiras em Maceió. Conduzida por Maiara Queiroz, a pesquisa apontou danos oxidativos sistêmicos que podem comprometer a saúde desses profissionais.

A dissertação, parte do Programa de Pós-graduação em Química e Biotecnologia da Ufal, analisou 60 profissionais que atuam no complexo Mundaú-Manguaba, nos bairros do Vergel, Pontal da Barra e Bebedouro, em Maceió. Os resultados indicaram maiores níveis de mercúrio no sangue, comprometimento dos eritrócitos e alterações na hemoglobina, além de danos oxidativos nos linfócitos.

Os voluntários expostos têm contato constante com a água e consomem alimentos da Laguna. Dentre eles, a hipertensão é prevalente, seguida pelo Diabetes tipo 2. Hábitos como consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo também foram relatados.

“Foram observados maiores níveis de mercúrio no sangue, a diminuição da funcionalidade dos eritrócitos, alteração estrutural na hemoglobina e comprometimento do sistema redox nos pescadores. E, nesses pescadores, os linfócitos apresentaram uma produção exacerbada de espécies reativas de oxigênio. Ou seja, nossos resultados mostram que a contaminação por mercúrio leva a danos oxidativos sistêmicos que podem comprometer a saúde do organismo”, explicou Maiara Queiroz, em seu trabalho.

O estudo, financiado pelas Fundações de Amparo à Pesquisa de Alagoas (Fapeal) e de São Paulo (Fapesp), alerta para os riscos da exposição ao mercúrio, um dos dez poluentes ambientais que podem causar efeitos adversos no meio biológico. A intoxicação geralmente ocorre pela inalação do vapor do mercúrio.

A exposição humana a contaminantes inorgânicos e orgânicos como metilmercúrio podem levar ao estresse oxidativo que acarreta em disfunções diversas, tais como, neurológicas, câncer, doenças cardiovasculares, diabetes, inflamação, doenças neurodegenerativas, dentre de outras patologias - Maiara Queiroz, do Programa de Pós-graduação em Química e Biotecnologia (PPGQB)

Os resultados revelaram valores de mercúrio no sangue e na urina dos pescadores acima dos limites permitidos pelas agências reguladoras. A pesquisadora enfatiza que o mercúrio se distribui em diversos tecidos, podendo causar danos em órgãos vitais como rins, cérebro e fígado.


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