CPI da Braskem
Ex-secretário de Minas e Energia denuncia coação de ex-deputados
Por conta da denúncia, a CPI convocou os ex-deputados citados e o servidorDurante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Braskem nessa terça-feira, 19, o ex-secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (MME), Alexandre Vidigal de Oliveira, denunciou coação por parte dos ex-deputados federais Ricardo Izar (SP), Nereu Crispim (RS) e Evandro Roman (PR), para a nomeação de Wagner Pinheiro para cargos importantes no Governo Federal e na Agência Nacional de Mineração (ANM).
“Eles utilizaram um pretenso dossiê, não para falar de irregularidades da minha gestão no ministério, mas da ANM. Esse pessoal queria influência dentro do ministério para nomear diretores e superintendentes. Dossiê já não é coisa de gente séria. Eu dizia a eles que se um deputado tem um dossiê de denúncias de corrupção deve procurar diretamente a CGU, ou Ministério Público Federal”, contou Alexandre.
Por conta da denúncia, a CPI convocou os ex-deputados citados e o servidor. O relator da comissão, senador Rogério Carvalho (PT-SE), revelou que o MME não enviou os documentos solicitados e agora terá o prazo de três dias para compartilhar as informações, sob pena do cumprimento de mandados de busca e apreensão. O ex-secretário também apontou a falta de orçamento e pessoal para o devido acompanhamento das atividades de mineração, como denunciado pelo diretor-geral da ANM, Mauro Henrique Sousa, na semana passada.
Com isso, o relator voltou a questionar o fato de a Braskem ter elaborado os laudos usados pelas autoridades públicas e alertou para a real falta de fiscalização no Brasil inteiro.“A tentativa é a gente mostrar o quanto de erro ocorreu ao longo de todo o processo de exploração, de fiscalização, de autorização, de monitoração. E se isso acontece em Maceió acontece em outras localidades do Brasil.
Portanto, nós precisamos passar em revista todo o sistema de mineração do Brasil e todas as instituições que cuidam da mineração no Brasil”, pontuou Carvalho.Alexandre disse ainda que o monitoramento da exploração de sal-gema em Maceió era prioritário desde janeiro de 2019, e que houve pedido do à época prefeito da capital alagoana, Rui Palmeira, para o fechamento das minas, após a tragédia de Brumadinho (MG).
Como resposta, o ex-secretário disse que aguardava o laudo do hoje Serviço Geológico do Brasil, que, posteriormente, apontaria a Braskem como culpada pelo afundamento do solo e encerraria as atividades de mineração. Além dos ex-deputados, os senadores aprovaram novas convocações, entre elas, a do ex-presidente da Braskem, José Carlos Grubisich, e do ex-diretor da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Frederico Bedran.