PAISAGEM URBANA
Terceira oficina de revisão do plano diretor debate sobre reestruturação
Essas reestruturações urbanas resultam em transformações significativas das paisagens da cidadeA Prefeitura de Maceió realizou sábado (3) a terceira oficina de revisão do Plano Diretor, com o tema "Reestruturação da Paisagem Urbana". O evento aconteceu no Centro Universitário Cesmac e contou com a participação da população, que compartilhou questões relacionadas a potencialidades e problemas sobre a cidade.
Para compreender os processos de transformação das dinâmicas urbanas de Maceió, especialmente suas paisagens, é essencial considerar as contradições e complexidades das cidades contemporâneas. Essas incluem dispersões e permanências, demolições e construções que ocorrem simultaneamente no território. No contexto específico de Maceió, os desafios decorrentes do esvaziamento de cinco bairros situados em áreas de risco de afundamento, causado pelas atividades de mineração da Braskem, são traduzidos em reestruturações urbanas.
A oficina contou com a participação da professora de arquitetura da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Caroline Gonçalves e da procuradora do Ministério Público Federal (MPF) Roberta Bomfim. Ambas discutiram a reestruturação da paisagem urbana e os desafios enfrentados por Maceió.
Caroline Gonçalves destacou que a cidade se estrutura conforme se organiza a partir da ocupação do solo, que se modifica devido à dinâmica da sociedade. Isso promove a estruturação das paisagens da cidade. “ Quando ocorre uma mudança brusca, ampla e profunda como a causada pelo afundamento do solo, há uma necessidade de reestruturação. Essa reestruturação deve pautar o que precisa ser discutido e pensado no Plano Diretor. Hoje, Maceió é uma cidade impactada pelo afundamento do solo, que gerou o deslocamento de mais de 57 mil pessoas e a perda de 12 equipamentos públicos, sobrecarregando outros. É necessário redimensionar esses aspectos e pensar na cidade que temos atualmente, que se modificou em suas dinâmicas e relações”, pontuou Caroline.
A procuradora Roberta Bomfim abordou os acordos jurídicos relacionados à Braskem e à Prefeitura de Maceió, bem como a legislação e o acordo mencionando o Plano Diretor na definição do destino da área afetada: “Há um instrumento com vocação na legislação, que vai do executivo ao legislativo e, em toda sua construção, há previsão de participação popular, assim como a participação técnica. Esse foi o motivo da escolha. Devemos aguardar o tempo da estabilização, a partir de todas as providências que estão sendo adotadas”, enfatizou Roberta.
Depois da apresentação das especialistas, foi dada uma oportunidade aos presentes para tirarem dúvidas e fazerem perguntas sobre o tema. Os participantes ficaram o dia todo nas oficinas discutindo os problemas relacionados ao afundamento dos bairros, como habitação, dinâmica imobiliária, patrimônio cultural, paisagem, meio ambiente, mobilidade, entre outros.
Tudo foi finalizado em uma plenária, onde todos os grupos puderam debater juntos a lista de questões levantadas durante o dia. Esse momento de escuta foi fundamental para a leitura comunitária e o processo de revisão do Plano Diretor.