paternidade
Alagoas registrou no 1º semestre mais de 1.300 crianças sem nome do pai
Psicóloga dá dicas de suporte às crianças que enfrentam o abandono paternoNo primeiro semestre de 2024, Alagoas registrou 1.372 crianças com a certidão de nascimento apenas com o nome da mãe, segundo dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil). O abandono paterno, uma questão social com profundas implicações, afeta significativamente a vida das crianças e adolescentes, trazendo desafios emocionais, sociais e psicológicos.
A psicóloga e coordenadora acadêmica da Faculdade Anhanguera, Gabriela Leite, explica que o abandono paterno ocorre quando o pai se ausenta voluntariamente da vida do filho. Essa ausência pode resultar em diversas consequências psicológicas e jurídicas no Brasil, impactando tanto o direito civil quanto o direito de família.
Gabriela Leite ressalta que as consequências do abandono paterno variam com a idade da criança, o contexto familiar e o suporte emocional disponível. Entre os principais problemas, ela destaca dificuldades em manter relacionamentos íntimos, baixa autoestima, insegurança e medo de rejeição. "Esses sinais podem indicar uma necessidade intensa de validação externa e dificuldades em estabelecer limites saudáveis nas relações. Esses comportamentos são reflexos emocionais que exigem suporte psicológico", explica a psicóloga.
No ano passado, o Brasil registrou mais de 160 mil certidões de nascimento contendo apenas o nome da mãe, conforme dados do Portal da Transparência do Registro Civil. A ausência paterna não apenas afeta o registro, mas também pode impactar habilidades de interação social e resolução de conflitos. Gabriela Leite observa que crianças sem uma figura paterna presente têm maior probabilidade de sofrer com ansiedade, depressão e envolvimento em comportamentos de risco. A falta de um pai também pode prejudicar o desempenho acadêmico e as perspectivas de carreira. "Crianças que crescem sem um pai envolvido podem enfrentar desafios adicionais na escola, como dificuldades de concentração e motivação, limitando suas oportunidades futuras", acrescenta.
Para mitigar os efeitos negativos do abandono paterno, Gabriela recomenda a implementação de estratégias de suporte e intervenção, incluindo:
Aconselhamento psicológico: Proporcionar acesso a terapia pode ajudar a criança a processar sentimentos de rejeição e a desenvolver mecanismos saudáveis de enfrentamento.
Envolvimento familiar e social: Criar uma rede de apoio com familiares, amigos e mentores pode oferecer estabilidade e exemplos positivos.
Atividades e hobbies: Inserir a criança em atividades extracurriculares pode ajudar a construir confiança e habilidades sociais.
Comunicação aberta: Incentivar um ambiente de diálogo onde a criança possa expressar suas emoções e preocupações é crucial.
Modelo de comportamento positivo: Fornecer figuras de autoridade e modelos positivos próximos ajuda a preencher o vazio deixado pela ausência do pai.
A Arpen-Brasil informa que o reconhecimento da paternidade pode ser realizado em qualquer Cartório de Registro Civil desde 2012, sem necessidade de decisão judicial, desde que pai e filho estejam de acordo. Caso o pai não reconheça o filho, a mãe pode indicar o suposto pai no cartório, o que inicia o processo de investigação de paternidade.