Caso João de Assis
Testemunha aponta matadores de auditor fiscal durante o julgamento
Ricardo e Vinícius são acusados como autores materiais na morte de João de AssisO julgamento dos réus envolvidos no assassinato do auditor fiscal da Secretaria de Estado da Fazenda de Alagoas (Sefaz), João de Assis Pinto Neto, começou nesta quinta-feira (31) e não tem previsão para ser encerrado. Pela manhã foram ouvidas testemunhas de acusação e à tarde será a vez de 19 testemunhas de defesa, num total de 34 arroladas no processo.
Os réus, Ronaldo Gomes de Araújo, Ricardo Gomes de Araújo, João Marcos Gomes de Araújo, a mãe deles, Maria Selma Gomes Meira, e Vinícius Ricardo de Araújo da Silva serão ouvidos nesta quinta-feira, 31. Eles enfrentam acusações de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e corrupção de menor, uma vez que um menor foi persuadido a ajudar na limpeza do local do crime.
A testemunha, que à época era menor e participou do crime, acusou Ricardo e Vinicius de terem matado João de Assis. Disse que Ricardo pegou uma moto e o chamou para ir até um posto de combustíveis, depois da Ufal, comprar gasolina para um vasilhame de cinco litros. Ele afirmou ter presenciado Ronaldo arrastando a vítima pelo braço e o Ricardo segurando pelos pés. Disse que estava fazendo uma entrega quando Ricardo chamou o irmão João Marcos para ir ao estabelecimento. Que ele, menor à época, ouviu os gritos de João de Assis clamando por socorro e depois silenciando.
Segundo a testemunha, depois do crime, Ricardo tirou a camisa suja de sangue, vestiu outra e continuou a atender normalmente, "como se nada tivesse acontecido" , até a mãe e o pai dele chegarem ao local. A testemunha contou que Vinicius foi quem dirigiu o carro que levou o corpo do auditor para o matagal. O auditor foi encontrado morto no dia 26 de agosto de 2022.
O público lotou o auditório do fórum onde o julgamento está acontecendo. Um dos depoimentos emocionantes foi o da viúva do auditor, Maria Marta Pinto. Ela relatou que no dia do crime estranhou não ter recebido nenhuma mensagem de João se Assis, pois não era comum. Disse que quando ligou para o celular uma uma voz feminina atendeu e perguntou quem era. "Eu disse que era a esposa do dono do telefone e a mulher disse que havia achado o aparelho no mato, vibrando e foi olhar".
Marta pediu para a pessoa guardar o celular, que era importante porque tinha fotos de família, e acertou para buscar o aparelho. A viúva do auditor narrou o sentimento que tomou conta da família nos momentos que seguiram a esse contato e também as sequelas que ficaram com a perda do marido e pai.
Marta disse que João de Assis era apaixonado pelo que fazia, que amava o trabalho dele. Afirmou que os objetos pessoais dele desapareceram e que, inclusive, cheques do marido foram usados posteriormente ao seu falecimento. Sobre a relação do auditor com os filhos, afirma que ele era um bom pai, sempre incentivou os dois (um casal, o rapaz hoje tenente do Bope) a estudarem. Disse que a morte trouxe como consequência problemas psicológicos, que o filho passou por tratamento. O depoimento foi interrompidos algumas vezes pelo choro.
Relembre o caso
O crime ocorreu durante uma fiscalização de João de Assis em um depósito de bebidas no bairro Benedito Bentes, onde mercadorias roubadas eram investigadas. O corpo da vítima foi encontrado carbonizado em uma avenida do bairro, com 95% do corpo comprometido, segundo o Instituto Médico Legal.
Ronaldo Araújo confessou à polícia que assassinou João Assis com golpes de faca e pedras. A investigação revelou que Ricardo e Vinícius participaram da ação e envolveram um menor, identificado como “Pintinho”, que também teria auxiliado na execução. O celular do auditor, com fotos do local, foi localizado pela polícia em Rio Largo.
Familiares e amigos de João de Assis realizaram protestos esta semana, exigindo justiça para o auditor fiscal.