Política

Luciano Amaral é convidado a deixar o PV após desengavetar PL anti-delação

Deputado federal deve migrar para o União, aliado do PL de Bolsonaro
Por Tamara Albuquerque 08/01/2025 - 13:54

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Assessoria
Luciano Amaral
Luciano Amaral

O presidente nacional do Partido Verde (PV), da direita progressista, José Luiz Penna, confirmou nesta quarta-feira, 8, que vai pedir para o deputado alagoano Luciano Amaral deixar a legenda. O deputado foi responsável por desengavetar um projeto que proíbe delação premiada com réus presos.

“Ele minimizou e disse que o projeto original é do PT, mas somos contra. No PV a gente não expulsa, [a gente] pede para sair. Já assinei a autorização para ele deixar o partido sem perder o mandato”, disse José Luiz Penna em entrevista à CNN. Em junho, Luciano Amaral recebeu aval do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para deixar o partido sem perder o mandato.

Penna se reuniu na última quarta-feira (5) com o deputado, que é líder da sigla na Câmara, para questioná-lo sobre o projeto. Segundo Penna, o líder do PV votou “seguidas vezes” contra a posição do partido.

Apesar de o projeto original ter sido apresentado em 2016 pelo deputado Wadih Damous (PT-RJ) – no qual foi apensado o PL de Amaral – o “resgate” dessa pauta agora virou bandeira dos bolsonaristas da Câmara no pacote de propostas que podem beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O PV faz parte da federação com o PT e o PCdoB, que enxergam na retomada do projeto agora uma tentativa de anular a delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Ainda não está claro, porém, se o projeto de Amaral prevê a retroatividade. O projeto original, de Damous, não prevê.

Luciano Amaral já estava negociando sua migração para o União Brasil (União) que faz parte da coligação com o PL, o partido de Bolsonaro, antes da polêmica com o projeto. Amaral, que entre outras missões em Brasília atua como titular da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, deve integrar em Alagoas a sigla presidida nacionalmente por Antônio de Rueda. Se concretizada a migração, o União em Alagoas passa a contar com dois deputados federais: Alfredo Gaspar de Mendonça e o próprio Luciano Amaral.

O projeto de lei (PL) que proíbe que pessoas presas façam delação premiada, se aprovado, vai prejudicar as investigações policiais, podendo favorecer as organizações criminosas, segundo avaliação de especialistas. O policial federal e doutorando na área de segurança pública, Roberto Uchôa, avalia que a delação premiada é fundamental para desvendar o funcionamento de uma organização criminosa.

“Em determinadas situações, para conhecer como funciona uma organização criminosa, você precisa que membros dessa organização te contem como ela funciona. Isso poupa recursos do Estado, poupa tempo de trabalho. Isso facilita, inclusive, a descoberta de lavagem de dinheiro e repatriamento de capitais. São muitos benefícios”, destacou o membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Uchôa cita como exemplo o fato de que, dificilmente a polícia chegaria aos supostos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes sem a delação do policial militar Ronnie Lessa, que já estava preso.


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