Caso Kleber Malaquias
Promotora afirma que mandante do crime só será apontado com provas técnicas
'Hoje precisamos que o primeiro escalão seja derrubado', disse aos jurados apontando os réus
O julgamento dos quatro réus acusados na execução do empresário Kleber Malaquias vai se aproximando do final e sendo marcado por frases fortes e seguras na argumentação da promotora de Justica Lídia Malta. Durante o inquérito instaurado após o crime, em 2020, o Ministério Público de Alagoas (MPAL) descobriu que os acusados, hoje sentados no banco de réus, tinham por estratégia para se livrar das acusações imputar o crime a um sargento da Polícia Militar de Alagoas, identificado como Alessandro Fábio da Silva, que foi assassinado em 2022.
"Ninguém vai apontar mandante por ouvir dizer, por achismos, mas com provas técnicas. Precisamos primeiro condenar esse escalão daqui, para depois elevar o nivel", disse a promotora se referindo aos réus Edinaldo Estevão de Lima, José Mário de Lima Silva, Fredson José dos Santos e Marcelo José Souza da Silva.
Segundo ela, o assassinato de kleber Malaquias, conhecido em Rio Largo por fazer denúncias contra políticos, é um "silenciando da sociedade". A promotora recomendou aos jurados que não se comovessem com "lágrimas de crocodilos que qualquer um derramar aqui. Esses réus são farsantes, na letra pura da lei, usaram nomes de terceiros", disse, se referindo ao militar morto.
A trama revelada pelo MPAL após pedir a prisão preventiva do delegado Daniel Mayer por forjar provas para proteger os criminosos, após obter conversas reveladoras, com autorização judicial, sobre os planos dos envolvidos na execução. O intuito era colocar o PM falecido como o verdadeiro autor da morte de Kleber Malaquias e, dessa forma, livrar os verdadeiros assassinos.
"Nós não podemos imputar falsamente o crime a uma pessoa que já está morta e não tem como se defender. O Ministério Público não permitirá", argumentou. "Esse pseudo-delegado tem que ser expulso da Polícia Civil. Ele tem que ser expulso. Só faltou, diante das provas, ele sair da cadeira das testemunhas para sentar ali, no banco dos réus", disse. "Quem veste uma farda e mata é criminoso travestido de policia...não podemos tolerar que crime de pistolagem volte a assombrar as instituições e sociedade alagoanas".
O promotor Thiago Riff, tinha argumentado, antes, que o processo está bem instruído e com muitas provas produzidas. Disse ainda que o julgamento emblemático seria um divisor de águas e que, diante de tantos policiais envolvidos no crime, "talvez estamos [a sociedade] diante de uma nova versão da Gangue Fardada".
A promotora conclui seua acusação dizendo que não há dúvidas da culpabilidade dos réus. "As únicas provas que levantaram dúvidas foram as plantadas. Espero que os senhores jurados não ignorem o trabalho árduo do Ministério Público, do delegado Lucimério, da Polícia Federal para provar o que de fato ocorreu em relação a esse crime. Hoje precisamos que o primeiro escalão seja derrubado".
Kleber Malaquias foi assassinado com dois tiros no tórax e na têmpora, no dia 15 de julho de 2020, quando comemorava seu aniversário de 41 anos, dentro e um bar em Rio Largo. O crime