executado em guarulhos

Delator do PCC fez última ligação com DDD de Alagoas antes de ser morto

Relatório relaciona assassinato de Gritzbach a viagem a Maceió e transporte de joias
Por Redação 25/06/2025 - 08:01
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Divulgação
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach

O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo identificou uma ligação telefônica feita a partir de Alagoas minutos antes do assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38 anos, ex-integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) e delator da facção. A chamada foi registrada às 15h48 de 8 de novembro de 2024, apenas 17 minutos antes de Gritzbach ser executado a tiros no terminal 2 do aeroporto de Guarulhos.

Segundo o relatório da investigação, a ligação partiu de um número com DDD 82, do município de Marechal Deodoro, na Região Metropolitana de Maceió. O aparelho, que não era de uso habitual do delator, estava em sua mala e foi apreendido após o crime. O celular foi desligado logo após a chamada.

A origem da ligação chamou a atenção da polícia por reforçar possíveis conexões entre o crime e investigados radicados em Alagoas. Marechal Deodoro é o mesmo município onde vive atualmente David Moreira da Silva, ex-agente penitenciário que já havia sido indiciado ao lado de Gritzbach por envolvimento na morte de dois outros membros do PCC: Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”, e Antônio Corona Neto, o “Sem Sangue”, assassinados em dezembro de 2021 na zona leste de São Paulo. As informações são do UOL. 

David foi preso em 2023, em um imóvel no loteamento Porto das Pedras, em Marechal Deodoro, e atualmente cumpre prisão domiciliar. Ele é apontado como colaborador de Pablo Henrique Borges, operador de criptomoedas e também investigado pelos homicídios. Borges, por sua vez, é primo de Noé Schaun Alves, acusado de executar Cara Preta e Sem Sangue, e morto em seguida por ordem do PCC, em represália.

As investigações revelam ainda que Gritzbach esteve em Alagoas poucos dias antes de ser morto. Ele retornou a São Paulo vindo de Maceió com cerca de R$ 1 milhão em joias nas bagagens. O material teria sido entregue em um quiosque de praia na capital alagoana. Um dos celulares usados por ele foi rastreado em Maceió em 4 de novembro.

A curta distância entre Maceió e Marechal Deodoro — cerca de 29 quilômetros — reforça a hipótese de uma conexão direta entre o crime e os personagens envolvidos em Alagoas. A última chamada registrada no aparelho de Gritzbach, feita do DDD 82, pode indicar um contato final com os envolvidos nos bastidores da execução. Até o momento, a polícia prendeu três policiais militares acusados de participação direta na execução de Gritzbach. Um olheiro que monitorava a movimentação do delator no aeroporto está foragido, assim como dois supostos mandantes, ambos com prisão preventiva decretada.

As autoridades apuram se um dos mandantes teria vínculos tanto com o PCC quanto com o Comando Vermelho (CV). Gritzbach foi acusado de desviar milhões de reais de Cara Preta antes de colaborar com a polícia e passar a viver sob proteção — proteção essa que foi rompida com a emboscada fatal em Guarulhos.


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