Economia

Tarifaço de Trump ameaça exportações de açúcar e empregos em Alagoas

Diretor da Usina Caeté, maior exportadora para os EUA, diz que sobretaxa pode inviabilizar negócios
Por Tamara Albuquerque 22/07/2025 - 15:01
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Assessoria
Usina Caeté
Usina Caeté

A taxação de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos por determinação do presidente Donald Trump provocou forte reação no setor industrial de Alagoas, em especial ao segmento produtivo de açúcar. Em São Miguel dos Campos, município responsável por mais de 90% das exportações alagoanas de açúcar para os EUA, o temor é de que a medida inviabilize negociações futuras com compradores norte-americanos. A informação é da repórter Vanessa Siqueira do site Movimento Econômico.

O diretor Financeiro e Comercial da Usina Caeté, em São Miguel dos Campos, Araken Barbosa, vê com preocupação a medida anunciada pelo governo americano, que deverá impactar a economia do estado e inviabilizar negociações.


“Não há até o momento nenhum cancelamento comercial em andamento. Todavia, ao taxar em 50% nossas exportações, haverá uma inviabilidade nos preços, acarretando uma mudança nas negociações dos produtos que tradicionalmente são embarcados entre dezembro e fevereiro de cada ano. Em função disso, entendemos que se o comprador não assumir o custo da nova taxação, não haverá vendas para os Estados Unidos”, afirmou o diretor.

Indústria cobra reação e diálogo diplomático

A Federação das Indústrias do Estado de Alagoas (FIEA) classificou como “injustificável” a medida adotada pelos Estados Unidos. Segundo a entidade, os EUA foram o terceiro maior destino das exportações alagoanas em 2024, com mais de US$ 61 milhões em embarques — sendo o açúcar o principal item comercializado com o país.

A Usina Caeté opera três unidades produtoras em Alagoas e São Paulo, sendo um dos pilares da economia regional ao gerar mais de oito mil empregos diretos.

“O impacto será direto sobre empregos, investimentos e competitividade da indústria. Esperamos que prevaleça o diálogo diplomático e comercial, com vistas à manutenção de uma relação estratégica entre os dois países”, afirmou o presidente da FIEA, José Carlos Lyra de Andrade.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportações brasileiras de açúcar em junho deste ano somaram 3,36 milhões de toneladas, contra 3,19 milhões de toneladas em junho do ano passado.

Ante as exportações do adoçante em maio, os embarques externos de junho cresceram 48,7% (em maio foram embarcadas 2,26 milhões de toneladas).

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também se manifestou contrária à decisão americana, classificando a tarifa como prejudicial à previsibilidade dos contratos comerciais. O tarifaço reforça o alerta de especialistas sobre um cenário internacional menos cooperativo e mais protecionista. 

Em entrevista à âncora da CNN Internacional, Christiane Amanpour, o presidente Lula afirmou que o Brasil está disposto a sentar à mesa para negociar com os Estados Unidos, mas que jamais aceitará imposições como as do presidente norte-americano Donald Trump, que determinou a aplicação de uma taxa de 50% aos produtos brasileiros.

“O Brasil não aceitará nada que lhe seja imposto. Aceitamos negociação e não imposição”, disse o presidente brasileiro ao afirmar que não quer “se ver livre dos EUA”, nem brigar com ninguém. “O que não queremos é ser feitos de reféns. Queremos ser livres”, argumentou.


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