economia
Paulo Dantas promete suporte ao setor sucroalcooleiro diante do tarifaço
Sindaçúcar alerta que há ameaça à sustentabilidade das usinas, com risco de fechamento de empresas
O governador de Alagoas, Paulo Dantas, afirmou que está construindo alternativas para dar suporte ao setor sucroalcooleiro e a outros segmentos da economia local afetados pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Responsável por cerca de 60 mil empregos no estado, o setor tem no açúcar seu principal produto exportado para o mercado norte-americano e está entre os mais atingidos pela medida.
A sobretaxa de 50% está em vigor desde 6 de agosto e atinge cerca de 55% da pauta exportadora brasileira para o país liderado por Donald Trump, como os setores de café, carnes, têxteis, açúcar e pescados. Ficaram de fora os embarques de suco de laranja, da indústria de aviões e de petróleo, por exemplo.
Cumprindo agenda oficial em Londres, Paulo Dantas disse em entrevista ao site Movimento Econômico que o setor sucroalcooleiro constitui um dos pilares mais sólidos da economia alagoana, presente em diversos municípios.
“Cerca de 15% do que é produzido em Alagoas, derivado da cana-de-açúcar, tinha mercado certo de comercialização nos Estados Unidos. Com essa tarifação imposta aos produtos brasileiros, vamos ter que buscar novos mercados e já estamos trabalhando nisso, junto com o governo federal. O Governo de Alagoas está atento e construindo os meios de dar suporte não só ao setor sucroalcooleiro, como também aos demais setores da nossa economia impactados pelo tarifaço. Estamos somando esforços para evitar o fechamento de empresas e a queda na oferta de empregos”, declarou o governador.
Dantas afirmou na entrevista que tem mantido contato com representantes do setor e com o governo federal, buscando alternativas capazes de manter o equilíbrio do ciclo de produção sucroalcooleira, com escoamento dos produtos, competitividade de mercado e preservação da capacidade de gerar emprego e renda.
Sindaçúcar alerta para impacto econômico e social
Em ofício enviado ao governador, o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Alagoas (Sindaçúcar) destacou que a exportação de açúcar para os EUA ocorre desde a década de 1960, por meio de cotas preferenciais destinadas apenas a produtores do Norte e Nordeste, conforme a Lei 9.362/1996. Essas cotas representam de 150 a 180 mil toneladas por safra, sendo que Alagoas responde por cerca de 75 a 80 mil toneladas anuais, aproximadamente 15% das exportações totais do estado e 20% da receita do setor, o que equivale a US$ 56 milhões.
O Sindaçúcar alerta que o “tarifaço”, imposto de forma unilateral, ameaça a sustentabilidade das usinas e produtores rurais, com riscos de fechamento de empresas e queda acentuada na geração de empregos. A entidade estima que a medida pode afetar significativamente os 85 mil postos diretos de trabalho no setor e comprometer a circulação de renda nos 54 municípios onde a cana-de-açúcar é cultivada.
Segundo estimativas da Datagro, a tarifa adicional de 50% anunciada por Donald Trump poderá representar um custo adicional anual de aproximadamente US$ 27,9 milhões (R$ 153,4 milhões na cotação atual) sobre as exportações brasileiras de açúcar realizadas através da cota tarifária norte-americana. O cálculo considera um volume de 150 mil toneladas contratadas, com preço médio de US$ 371 (R$ 2.040) por tonelada, sujeitas à nova alíquota de 50%, que deverá ser anulado pela sua inviabilidade financeira.