LEVANTAMENTO

Relatório aponta aumento de crimes contra crianças em Alagoas

Crime é caracterizado pelo uso de crianças e adolescentes para fins sexuais visando o lucro
Por Adja Alvorável 23/08/2025 - 06:00
Atualização: 22/08/2025 - 22:01
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SSP-SE
Influenciador Felca deu visibilidade ao tema "adultização"
Influenciador Felca deu visibilidade ao tema "adultização"

A denúncia feita pelo influenciador digital Felca sobre exploração infantil em conteúdos na internet acendeu o debate sobre a gravidade do problema em todo o Brasil, e Alagoas não está fora desse cenário. Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025 revelam um quadro preocupante no estado.

O documento mostra que o número de casos de exploração sexual infantil em Alagoas aumentou de 16 em 2023 para 20 em 2024 (45,1%). O dado vai de encontro ao cenário nacional: no Brasil, houve uma queda de 7,9%.

A exploração sexual é caracterizada pelo uso de crianças e adolescentes para fins sexuais visando o lucro, seja no contexto da prostituição, no compartilhamento de conteúdo e imagens de abuso, nas redes de tráfico ou no turismo com motivação sexual.

Alagoas também registrou um aumento de 82,1% no número de casos de produção ou distribuição de material de abuso sexual infantil. Esse tipo de crime é considerado uma forma de exploração sexual, já que transforma a violência sofrida por crianças e adolescentes em mercadoria digital. Ao serem produzidas e compartilhadas, as imagens perpetuam o abuso e ampliam o alcance da exploração.

O relatório do Anuário de Segurança Pública 2025 destaca que os crimes praticados na internet contra crianças e adolescentes são subnotificados e enfrentam enormes desafios de registro e investigação.

"As dinâmicas não se encaixam na lógica tradicional das polícias especializadas no enfrentamento de crimes de rua e impõem severos desafios para investigação, repressão e prevenção. A natureza desterritorializada dos crimes digitais dificulta a compreensão e análise dos registros por unidade da federação, já que as vítimas, autores e distribuidores do material podem estar em diferentes estados ou países", diz um trecho do documento.

A denúncia de Felca

O youtuber Felca publicou um vídeo com duração de 50 minutos que consiste em um compilado de denúncias sobre influenciadores que abusam da imagem de crianças e adolescentes e mostrou na prática como o algoritmo funciona para entregar esse tipo de conteúdo para pedófilos. Felcta também entrevistou uma psicóloga especializada para falar sobre o perigo da exposição nas redes sociais para as crianças e adolescentes.

O conteúdo viralizou e rendeu vários projetos protocolados na Câmara dos Deputados sobre adultização e penalização da pornografia. Uma proposta em especial ganhou força para ir a votação em plenário. A proposição estabelece mecanismos para o combate de conteúdos de exploração sexual de crianças e adolescentes em ambiente digital, também cria regulações para o uso de redes sociais e jogos online para crianças e adolescentes.

Após a repercussão, a Justiça da Paraíba determinou, em 12 de agosto, a suspensão de todos os perfis de Hytalo Santos, influenciador digital denunciado pelo youtuber Felca por suposta exploração de menores de idade, nas redes sociais. No dia seguinte, foi expedido um mandado de busca e apreensão em sua residência. Hytalo se pronunciou negando as acusações, mas a investigação avançou e ele foi preso no dia 15 de agosto.

Hytalo José Santos Silva, conhecido na internet como Hytalo Santos, ficou famoso com conteúdos em que ele reúne pessoas em uma casa ou "mansão" e compartilha a rotina delas. Muitas dessas pessoas são meninas e meninos (menores de idade), que ele chama de "crias", "filhas" e até mesmo de "genros". Hyyalo conta com mais de 20 milhões de seguidores, se somados todos os perfis das redes sociais.


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