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Nordeste: 40% das empresas não oferecem programas de apoio à saúde mental
Pesquisa indica um aumento de 19 pontos percentuais em relação ao ano passado
A terceira edição do Panorama da Saúde Emocional do RH, pesquisa realizada pela Flash com 889 profissionais de Recursos Humanos entre junho e julho de 2025, indica que 4 em cada 10 empresas do Nordeste não oferecem nenhum tipo de benefício ou programa voltado à saúde mental de seus colaboradores. O dado acompanha a média nacional (42%).
Nos últimos 12 meses, houve um aumento de 18 pontos percentuais no número de empresas que oferecem este tipo de benefícios e programas em todo o Brasil, passando de 40% em 2024 para 58% em 2025, enquanto no Nordeste o aumento foi de 19% (de 39% no ano passado para 57% este ano).
Entre as companhias nordestinas que já disponibilizam algum tipo de apoio para os colaboradores, os recursos mais comuns são psicólogo na empresa (34%), programa estruturado de saúde mental (29%), subsídio para psicoterapia (14%), auxílio-farmácia (13%), subsídio para práticas de meditação (5%) e outros não listados (5%).
Há consenso sobre a relevância do tema: 90% dos profissionais de RH nordestinos afirmam que um bom pacote de benefícios tem papel estratégico na promoção do bem-estar e da saúde mental nas empresas. Apenas 5% se dizem neutros e outros 5% discordam.
A crescente preocupação em oferecer benefícios para a saúde mental pode ser reflexo das mudanças propostas pela nova NR-1, estabelecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego. A medida — que inclui os riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) das empresas — entrará em vigor em maio de 2026.
Embora 42% dos profissionais de RH da região concordem com o adiamento da norma, que passou de 2025 para 2026, a maioria enxerga na atualização uma oportunidade de avanço: 65% acreditam que a atualização da norma terá impacto positivo em sua própria saúde mental, frente a 27% que se dizem neutros e 8% que discordam.
Para Isadora Gabriel, CHRO da Flash e especialista em psicologia, o dado revela uma contradição relevante. “Apesar de 90% dos profissionais reconhecerem que a saúde mental é estratégica, uma parte significativa das empresas ainda não transforma esse dado em um conjunto de ações efetivas. Esse descompasso evidencia que, em muitos casos, o cuidado emocional é tratado como benefício periférico e não como elemento central que sustenta a cultura da organização”, avalia.
Ela complementa: “A atualização da NR-1, ao incluir os riscos psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos, deve acelerar essa mudança de perspectiva. As empresas precisam enxergar além da obrigação legal e compreender que investir em saúde mental fortalecem performance e pertencimento, além de reduzir custos invisíveis relacionados ao adoecimento e ao absenteísmo.”