cultura
Em Maceió, neto de Graciliano Ramos destaca publicações da Imprensa Oficial
Ricardo Ramos, que também é escritor, participou de roda de conversa sobre a obra do “Velho Graça”
A noite desse sábado, 8, foi mais que especial para os apreciadores da obra de Graciliano Ramos. É que o penúltimo dia de Bienal do Livro, na sequência da programação da Imprensa Oficial Graciliano Ramos, contou com um encontro que chamou a atenção pelo nível do debate sobre um dos maiores nomes da literatura brasileira, reunindo dois dos maiores especialistas em Graciliano: os escritores Ricardo Ramos, neto do célebre alagoano, e Cida Pedrosa, vencedora do Prêmio Jabuti.
Mediada por Tatiana Magalhães, a roda de conversa realizada no Centro de Convenções de Maceió debateu a importância da contribuição de Graciliano, sobretudo por sua crítica social.
“Estou muito feliz de estar aqui, principalmente por saber que a obra de Graciliano está sendo novamente publicada pela Imprensa Oficial Graciliano Ramos, o que é muito salutar. Por ser neto de Graciliano, é sempre muito gostoso falar sobre a obra do meu avô. E não por se tratar de um parente, mas por sua qualidade e importância para a literatura brasileira. Afinal, trata-se de um escritor sobre quem precisamos ler, falar e discutir. Então, participar de um momento como este, dividindo a mesa com uma intelectual como a Cida, foi, sem dúvida, muito prazeroso”, comentou Ricardo.
Cida Pedrosa, por sua vez, também destacou o alcance da iniciativa, parabenizando a Imprensa Oficial pela publicação, inclusive, da versão em braile de “A terra dos meninos pelados’, o primeiro livro infantil escrito por Graciliano.
“Saio daqui muito agradecida pela oportunidade de debater a obra de quem tem influência direta na minha carreira. Participar dessa roda de conversa foi um verdadeiro presente, porque Graciliano foi um escritor fundamental para a definição do meu estilo”, salientou a escritora, que reverenciou, entre outros pontos, a densidade dos personagens de Graciliano Ramos, além da forma como ele retratava os animais em suas publicações, a exemplo da cachorra Baleia em “Vidas Secas”.
Ainda dentro da programação da Bienal do Livro, a Imprensa Oficial também lançou, nesse sábado, a obra “Indígenas de Alagoas”, de José Adelson Lopes e Renildo Ribeiro, que apresentam uma análise crítica sobre os processos de silenciamento e o protagonismo dos povos originários, destacando também suas expressões artísticas como manifestações de beleza e ancestralidade.
Os escritores
Advogada, especialista em Ciência Política e vereadora eleita do Recife (PE) pelo PCdoB, a pernambucana Cida Pedrosa já contabiliza quatro décadas dedicadas à poesia e à luta feminista. Entre os mais de 10 livros de sua autoria, destaque para “Solo para o vialejo”, vencedor, em 2020, do mais importante prêmio da literatura nacional, o Jabuti, nas categorias Livro do Ano e Livro de Poesia. Sua última obra foi “Araras Vermelhas”, livro de poemas publicado em 2022 e que retrata a Guerrilha do Araguaia.
Graduado em Matemática pela PUC-SP e doutor em Letras pela USP, Ricardo Ramos Filho é neto do alagoano Graciliano Ramos e filho do premiado escritor Ricardo Medeiros Ramos. É escritor e presidente da União Brasileira de Escritores (UBE), já tendo publicado dezenas de livros voltados ao público infanto-juvenil, a exemplo de “O computador sentimental”. Também já atuou como roteirista e, no ano passado, lançou seu primeiro romance, “Toda poeira da calçada”.



