Caso Beatriz Henrique

Defesa diz que réu foi impelido a matar por seu mentor intelectual

Advogado defende que Albino Santos executou vítima a mando do 'Arcanjo Miguel'
Por Tamara Albuquerque 13/11/2025 - 12:16
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MPAL
Albino Santos de Lima, conhecido como o serial killer de Alagoas
Albino Santos de Lima, conhecido como o serial killer de Alagoas

O julgamento do réu Albino dos Santos Lima, conhecido como o “serial killer de Alagoas” pelo número de vítimas fatais em crimes a ele atribuídos, tem provocado revolta em quem está acompanhando os argumentos da defesa. 

Nesta quinta-feira, 13, o réu é julgado pelo assassinato de Beatriz Henrique da Silva, que teve sua casa invadida e foi morta a tiros sem direito à defesa, enquanto dormia com o filho menor, ocorrência registrada no Vergel do Lago, em Maceió, em dezembro de 2023. 

O advogado do réu, Geoberto Luna, afirmou aos jurados que a autoria intelectual do crime é do "Arcanjo Miguel" , que seria o mentor intelectual de Albino Santos. Por mais de uma vez, o advogado mencionou que o réu cometeu os assassinatos "impelido por seu mentor intelectual".

"Vocês que são cristãos, a maioria aqui deve ser cristão, deveriam acreditar no que o Albino diz, no que ele crê", disse o advogado. "Quero dizer que ele merece ser absolvido por isso: não foi ele. Ele apenas executou o que mandou o Arcanjo Miguel", disse aos jurados, uma estratégia para que as pessoas acreditem na tese de que o réu é louco.

Geoberto Luna defendeu a inimputabilidade do réu. "Eu não tenho capacidade de contestar o laudo pericial que diz que ele é absolutamente normal", disse o advogado. O promotor Antônio Vilas Boas alegou questão de ordem e ressaltou que o advogado jamais solicitou um laudo de outro profissional sobre sanidade mental de Albino.

Laudos médicos mostraram que Albino Santos não possui transtornos psiquiátricos e que escolhia as vítimas de forma premeditada. O advogado disse que fará a contestação dos laudos e solicitará novos exames em momento oportuno e declarou que o réu, ao confessar os crimes, demonstra a sua "bondade".

O julgamento de Albino Santos começou às 9 horas desta quinta-feira, 13, conduzido pelo promotor Antônio Vilas Boas. Segundo o Ministério Público de Alagoas (MPAL), o crime foi cometido por motivo torpe e com uso de recurso que impediu a defesa da vítima. O filho de Beatriz, de quatro anos, também foi atingido pelos disparos durante a ação.

As investigações apontaram que Albino invadiu a casa da vítima durante a madrugada. A autoria no assassinato foi confirmada após outro homicídio com o mesmo modus operandi, além de provas como máscaras, luvas, munições e uma pistola calibre 380 apreendida com o acusado.

Conforme a Polícia Científica, o confronto balístico confirmou que os projéteis encontrados no corpo de Beatriz partiram da arma do réu. Na polícia, Albino confessou que seguiu Beatriz por cerca de um ano antes do crime e relatou ter decidido matá-la após o que chamou de “trabalho de inteligência”. O órgão ministerial nega que os crimes tenham relação com uma suposta “limpeza social”.

Com este novo julgamento, Albino soma cinco júris populares. No último, ocorrido na quinta-feira, 31 de outubro, ele foi condenado a 27 anos, um mês e 10 dias de prisão pelo feminicídio de Tâmara Vanessa dos Santos e pelas tentativas de homicídio de José Gustavo Carvalho e Leidjane Gomes de Freitas.


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