Estudantes entram em greve e ocupam prédio de Letras da USP
O prédio de Letras da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP), na cidade Universitária, zona oeste de SP, foi ocupado por estudantes na noite de quarta-feira (11), após assembleia de alunos do curso, que deliberou greve por tempo indeterminado.
O segundo dia de ocupação transcorreu de forma pacífica na madrugada desta sexta-feira (13), com 25 pessoas em vigília na parte externa do edifício. Um outro grupo de estudantes ocupa a parte interna com colchões e cobertores que foram trazidos durante o dia.
De acordo com o estudante de Letras, André Arruda, 23, serviços como limpeza, segurança e alimentação estão sendo feitos pelos próprios estudantes, já que os funcionários da USP estão em greve.
Os estudantes têm uma extensa lista de reivindicações como os cortes na educação, a contratação imediata de professores, implantação de cotas raciais, a volta do gatilho, que é a contratação automática em caso de aposentadoria de professor. Atualmente, segundo a estudante do 3º ano Bruna Fernandes, 22, "os professores que aposentam não são substituídos".
Além disso, querem a manutenção do espaço físico do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) e a permanência do Hospital Universitário vinculado à universidade, já que a reitoria pretende transferir para a Secretaria de Saúde.
De acordo com Bruna, diretora do centro acadêmico do curso, há anos as salas de aulas estão superlotadas pela falta de professores. "As salas chegam a ter 60 alunos e a reitoria alegando uma crise orçamentária não realizou contratação de docentes e funcionários nesta gestão. Como pode o 2º maior curso da USP ser o que menos recebe verba?"
Segundo os ocupantes do prédio, o curso de letras possuí 8 mil alunos incluindo graduação e pós-graduação.
Para a estudante do 5º ano de Letras, Júlia Carolina, 25, os alunos tentaram negociar com a reitoria, mas sem sucesso. "Através das negociações não estava saindo nada. É preciso ter uma moeda de troca pra negociação. Se não radicalizar não haverá resultado", afirmou a aluna.
Na semana passada, os funcionários da USP decidiram entrar em greve por tempo indeterminado, a partir desta quinta-feira (12). Eles protestam por reajuste salarial de 12,8% e pela manutenção do espaço físico do Sintusp. A assessoria da USP afirmou que foi enviado um ofício para o sindicato pedindo a desocupação do local e que ele "deverá ser utilizado para fins acadêmicos".
Em nota, a Reitoria da USP classifica a manifestação dos funcionários como "greve preventiva" e alega que ela "não contribuirá para melhorar as relações entre servidores e universidade, e dificultará sobremaneira a solução das demandas trabalhistas". A USP alega que a negociação salarial só terá início em uma reunião do Cruesp (Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) marcada para o próximo dia 16.



