BOLSA DE VALORES

Ibovespa inicia semana em alta de 0,43%, aos 118,2 mil pontos

Dólar terminou o dia com elevação de 0,25%, aos R$ 4,8069
Por Estadão Conteúdo 18/07/2023 - 04:20
Atualização: 17/07/2023 - 21:32
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Dólar e Real, relação de altos e baixos
Dólar e Real, relação de altos e baixos

Com redução de perdas em Petrobras (no fechamento, ON +0,03%, PN -0,21%), e acentuação de ganhos entre os grandes bancos (Itaú PN +1,94%, na máxima do dia no encerramento), o Ibovespa conseguiu trocar de sinal ainda no começo da tarde e recuperar os 118 mil pontos, em dia moderadamente positivo para os índices de Nova York, em que o destaque foi o Nasdaq (+0,93%)

Ao final, a referência da B3 mostrava ganho de 0,43%, a 118 219,46 pontos, após ter cedido 1,30% na sexta-feira. Hoje, oscilou entre mínima de 116.591,12 e máxima de 118.302,34 pontos, saindo de abertura aos 117.710,54. Muito fraco, o giro financeiro desta segunda-feira ficou em R$ 18,4 bilhões. No mês, o Ibovespa volta a subir (+0,11%) e, no ano, avança 7,73%.

Pela manhã, as ações de commodities, como Petrobras e Vale (ON -1,11%), refletiram a decepção dos investidores com a leitura sobre o PIB chinês. Mas o desempenho positivo do setor bancário, amplificado à tarde, contribuiu para mitigar as perdas do Ibovespa desde mais cedo e, na etapa vespertina, conferiu dinamismo para que o índice de referência fechasse o dia no azul, ganhando fôlego perto do fim.

Destaque para Santander Brasil (Unit +2,15%) e Bradesco (ON +1,17%, PN +1,59%), além de Itaú, com as ações de bancos sendo favorecidas pelo bom início de temporada de resultados trimestrais de instituições financeiras nos Estados Unidos, deflagrado na semana passada.

Na ponta do Ibovespa nesta abertura de semana, destaque também para Raízen (+3,68%), BTG Pactual (+3,13%) e MRV (+2,96%). No lado oposto, IRB (-3,15%), BRF (-2,70%), WEG (-1,94%) e Locaweb (-1,67%).

"No primeiro momento do dia, o que movimentou foram os dados do PIB da China no segundo trimestre, até um pouco acima do esperado, mas o acumulado anual decepcionou, bem abaixo da expectativa. E quem sofreu mais com isso foram as commodities, em meio a dúvidas sobre o efetivo crescimento da maior economia asiática, que a princípio era uma grande aposta como propulsora global para 2023", diz Bruno Madruga, sócio e head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.

"O petróleo recuou na sessão, mais de 1% no WTI e no Brent, com retração também nos preços do minério de ferro, mais cedo, na China e em Cingapura", acrescenta.

"Depois de uma sexta em queda forte, houve à tarde alguma busca por pechinchas, com movimento de recompra, mas com o Ibovespa mostrando dificuldade em torno dos 118 mil, sem avançar muito na ausência de ajuda das commodities", diz Dennis Esteves, sócio e especialista da Blue3 Investimentos.

Dólar


O mercado doméstico de câmbio teve alívio ao longo da tarde desta segunda-feira, após testar o rompimento da faixa dos R$ 4,85. O temor com o crescimento da China, que penalizou moedas emergentes, seguiu como pano de fundo, mas a diminuição da queda dos preços das commodities, a alta do Ibovespa e a liquidez minguada colocaram a moeda mais próxima dos R$ 4,80 no fechamento. O dólar à vista terminou o dia com elevação de 0,25%, aos R$ 4,8069. No segmento futuro, às 17h10, a moeda para agosto subia a R$ 4,8205 (+0,32%). Fraco, o giro no mercado futuro era de US$ 9,5 bilhões até o horário mencionado.

Além da liquidez, um termômetro da fraqueza de negócios no mercado de câmbio pode ser visto na variação intradia da moeda americana. Entre a máxima (R$ 4,8502) e a mínima (R$ 4,7987), o dólar à vista andou pouco mais de 5 centavos, margem bastante estreita como tem sido vista no segmento nos últimos dias.

Via de regra, operadores têm relatado que falta ao câmbio um catalisador para movimentos mais robustos ou quebra de níveis de resistência. A divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) da China neste domingo parecia ser um evento a causar movimentos mais contundentes, mas passado o susto inicial - com a cotação migrando para os R$ 4,85 -, o mercado como um todo passou por um arrefecimento.

Analistas chamam a atenção para a possibilidade de a China despejar mais estímulos à atividade econômica ao longo do segundo semestre, caso do analista de mercados para Reino Unido, Europa, Oriente Médio e Ásia da Oanda, Craig Erlam.

Já o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks, observa que os principais países latinoamericanos veem entrada de Investimento Estrangeiro Direto (IED) justamente por causa da desaceleração econômica chinesa. "A América Latina é a grande vencedora em um mundo cada vez mais cauteloso com a China", escreveu hoje, no Twitter.

O mercado cambial observou ainda dados da balança comercial brasileira. Entre os dias 10 e 16 de julho, houve superávit de US$ 1,559 bilhão, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Nos próximos dias, os agentes devem observar efeitos da suspensão da importação de produtos avícolas de Santa Catarina pelo Japão após a confirmação de caso de gripe aviária. Entre as commodities agrícolas, o dia também foi de queda majoritária, com o mercado de olho no abandono do acordo de exportação de grãos do Mar Negro pela Rússia.

Juros


Os juros futuros fecharam a sessão em baixa, com a devolução de prêmios ganhando tração à tarde a partir da melhora do humor no exterior. Os rendimentos dos Treasuries passaram a cair na segunda etapa, as bolsas renovaram máximas e o dólar perdeu força ante as demais moedas, embalando a trajetória baixista das taxas já vista pela manhã após o IBC-Br abaixo do piso das estimativas e a deflação do IGP-10 de julho.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 12,795%, de 12,838% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 10,88% para 10,79%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 10,24%, de 10,30% no ajuste anterior, enquanto a do DI para janeiro de 2029 ficou em 10,55% (de 10,59%).

As taxas até começaram o dia em alta, mas viraram para baixo ainda pela manhã. O desempenho fraco da economia brasileira traduzido pela queda de 2% do IBC-Br de maio - pior do que apontava o piso das estimativas (-1,2%) - juntamente com o IGP-10 estimularam uma correção de parte da alta acumulada nas últimas três sessões. A deflação do indicador, de 1,10%, foi ligeiramente maior do que a mediana das previsões (-1,07%).

O impulso de queda dos DIs, no entanto, era limitado pelos Treasuries. À tarde os rendimentos dos títulos do Tesouro americano passaram a cair, dando espaço à evolução do desempenho da curva local. "A devolução de prêmio nos Treasuries vem provavelmente com esse quadro de enfraquecimento da economia chinesa, que reforça a preocupação com a desaceleração da economia global e pode trazer alguma implicação na política monetária de economias desenvolvidas. Esse movimento acaba influenciando o Brasil", resumiu a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. Houve alívio da curva local também via câmbio com o dólar, que pela manhã chegou a R$ 4,85, desacelerando à casa de R$ 4,80.

O PIB da China cresceu 6,3% o segundo trimestre ante igual período de 2022, abaixo das previsões de expansão de 6,9%, o que pressionou para baixo as cotações das commodities e as moedas relacionadas.

Sem impacto na curva, a live do Banco Central nesta segunda-feira foi protagonizada pelo diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, que falou sobre a importância da comunicação na política monetária. Em tom didático para atingir o grande público, Guillen avaliou que a comunicação do BC não pode perder o "rigor técnico", mas tem o desafio de alcançar o maior número de pessoas. Disse ainda que a ideia de realizar uma entrevista coletiva logo após as reuniões do Copom é uma tema "para se pensar", dada a vantagem de evitar quaisquer dificuldades na interpretação dos comunicadores do colegiado. Vale lembrar que o comunicado da reunião de junho trouxe muitos ruídos ao mercado.

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