Cancelamentos
Associação vai ao STF para garantir abertura de CPI dos planos de saúde
Ministro Flávio Dino foi sorteado como relatorEntidades que representam consumidores pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF) que garanta o cumprimento do requerimento para abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara dos Deputados para investigar a recente onda de cancelamentos de planos de saúde. “Não existem impedimentos para a CPI. Essa é a melhor forma de evitar que as empresas continuem com o fim dos contratos e os aumentos abusivos”, detalhou ao JOTA Fabiane Simão, presidente da Associação Nenhum Direito a Menos.
O mandado de segurança foi protocolado no STF pelo grupo semana passada. O ministro Flávio Dino foi sorteado como relator.
Não existe prazo para que o pedido seja avaliado. Simão, porém, tem esperança que o apelo seja ouvido em pouco tempo. “Muitos grupos lutam por essa causa. Até pacientes de planos individuais temem sofrer o mesmo problema que os contratos coletivos”, detalhou.
Em 2021, em caso semelhante, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, determinou que o Senado instalasse uma CPI para apurar possíveis omissões do governo em relação à pandemia de covid-19. Barroso concedeu liminar também para um mandado de segurança apresentado por senadores na época, pedindo que o STF se manifestasse.
De acordo com o regimento da Câmara dos Deputados, a instalação estaria autorizada, já que o pedido apresentado conta com o número limite de assinaturas (171), e não existem outras CPIs abertas no momento. O limite para instalação de comissões dessa categoria funcionando ao mesmo tempo na casa é de cinco.
Diálogo
O pedido para abertura da CPI foi protocolado em junho, pelo deputado Áureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), e conta com um total de 308 assinaturas de parlamentares. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ainda não avaliou o tema.
No mesmo período, Lira também conversou com operadoras de saúde em reunião fechada e anunciou um acordo, cujo teor não foi divulgado, para que não houvesse mais cancelamento de contratos até que uma solução fosse encontrada.
As entidades queixam-se de que não foram ouvidas, e querem marcar uma reunião com o deputado e líder da casa. “Precisamos que nossos apelos também sejam acatados. É preciso escutar o consumidor e não só as empresas”, destacou Letícia Fantinatti, sócia-fundadora da Associação Vítimas a Mil.
A entidade trabalha para que o encontro aconteça durante o retorno das atividades parlamentares após o recesso. “Estamos tentando auxílio dos outros parlamentares para realizar esse debate, além da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)”, acrescentou.