POLÍTICA
Nikolas Ferreira vira réu por campanha mentirosa e pode ficar inelegível
Deputado é acusado de participar de campanha de informações falsas nas eleições municipais de 2024
Nikolas Ferreira (PL), deputado federal, e Bruno Engler (PL-MG), deputado estadual, viraram réus na Justiça Eleitoral de Minas Gerais sob acusação de disseminar informações falsas contra o então prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), no segundo turno das eleições municipais de 2024. Caso sejam condenados, podem ter os direitos políticos suspensos, se tornar inelegíveis e pagar indenização por danos morais coletivos. As informações são da Folhapress e do ICL Notícias.
Engler disputou o pleito com Coronel Cláudia como sua vice e foi derrotado por Noman, que venceu as eleições, com 53% dos votos, mas faleceu em março deste ano, após três meses internado por complicações de um câncer.
Também são alvos da ação a deputada estadual Delegada Sheila (PL) e Coronel Cláudia (PL), que foi candidata a vice-prefeita na chapa de Engler. A decisão, assinada pelo juiz Marcos Antônio da Silva, da 29ª Zona Eleitoral, foi publicada na sexta (25). No despacho, o magistrado afirmou que a denúncia da Promotoria apresenta elementos que indicam violação à legislação eleitoral.
O MPE pediu a suspensão dos direitos políticos do grupo de bolsonaristas. A denúncia diz que os denunciados produziram e disseminaram “conteúdo sabidamente falso e ofensivo, com o claro intuito de desequilibrar a disputa eleitoral”.
A reportagem não conseguiu contato com os acusados. De acordo com a denúncia, os suspeitos participaram de uma campanha organizada de desinformação nos últimos dias da eleição, com publicações em redes sociais, rádio, TV e internet, com o objetivo de influenciar o resultado do segundo turno em Belo Horizonte.
A denúncia aponta que os acusados distorceram trechos do livro “Cobiça” (Editora Ramalhete), escrito por Fuad Noman, sugerindo falsamente que o autor endossava crimes contra crianças, além de o acusarem de permitir que menores tivessem acesso a conteúdo sexual em um festival de quadrinhos.
Ambos os episódios foram alvo de decisões da Justiça Eleitoral que classificaram as acusações como ilegais. Fuad Noman venceu a eleição em 2024 e morreu em março deste ano, aos 77 anos.
A obra “Cobiça”, escrita em 2020, trata da história de uma mulher que investiga o passado de sua família e se depara com uma série de episódios de vingança pessoal envolvendo seus antepassados. Nos ataques a Fuad, os adversários afirmavam que o prefeito escreveu um livro erótico em que relata um estupro de uma criança de 12 anos.
A Promotoria afirma que Nikolas teve papel central na divulgação das informações, utilizando seu alcance nas redes sociais para disseminar conteúdo falso e ofensivo, além de descumprir ordem judicial que determinava a remoção das publicações.