ECONOMIA

Supermercados miram R$ 220 bi de receita das farmácias

A venda de medicamentos nos estabelecimentos tem apoio da apoio da indústria farmacêutica
Por Panorama Farmacêutico 03/08/2025 - 11:16
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Agencia Brasil
Proposta tramita no Senado com o apoio da indústria e de instituições como a Abras e o Sindusfarma
Proposta tramita no Senado com o apoio da indústria e de instituições como a Abras e o Sindusfarma

Uma importante fatia da receita do varejo farmacêutico pode ser colocada em jogo com a aprovação do PL 2.158/2023, que propõe a venda de medicamentos em supermercados. A estimativa é que grandes nomes do varejo alimentício, como a rede Assaí e o Grupo Mateus, liderem a disputa por esse mercado que movimentou R$ 220 bilhões em 2024. A informação é do site Panorama Farmacêutico.

A proposta tramita no Senado com o apoio da indústria e de instituições como a Abras e o Sindusfarma, apesar da oposição de membros do varejo como a Abrafarma e o CFF.

Um dos principais atrativos do setor farmacêutico nesse momento é sua maior produtividade média por metro quadrado em relação aos supermercados. Um relatório do BTG Pactual constatou essa vantagem ao cruzar dados de entidades setoriais e confirmar que esse índice é de R$ 68 mil e R$ 42 mil, respectivamente.

“Essa diferença sugere que entrar no varejo farmacêutico pode representar uma oportunidade para os supermercados aumentarem sua eficiência e até mesmo capturarem margens maiores”, explicam os analistas Luiz Guanais, Yan Cesquim e Pedro Lima.

Dados da Abras revelam que uma parte considerável das drogarias (23%) já atua em áreas anexas aos mercados, especialmente em parceria com o grupo Carrefour. Isso significa, na visão da entidade, que existe um espaço de quase 80% para a ampliação dessas parcerias com a aprovação da medida.

Ainda segundo a associação, as 30 maiores redes alimentícias contam hoje com 4,4 mil lojas. Se 80% dessas lojas adicionarem farmácias completas, a capacidade do setor poderia aumentar 3,7%. “Se essa taxa fosse aplicada às 300 maiores redes, o crescimento poderia chegar a 8%”, afirma o BTG.

Indústria farmacêutica aprova a ideia

A venda de medicamentos em supermercados, discutida há mais de 20 anos e pauta de diversos projetos de lei, tem apoio da indústria farmacêutica, embora o setor revele preocupações com a fiscalização.

Após entidades do varejo farmacêutico se posicionarem enfaticamente contra esse modelo, com claros riscos à saúde pública, a proposta original foi modificada, com operações sob as mesmas exigências técnicas impostas às drogarias convencionais e profissionais disponíveis durante todo o expediente.

Essa alteração e a importância dada às questões sanitárias foram fundamentais para garantir o apoio de entidades do setor, como o Sindusfarma: “Sempre tivemos uma posição muito clara em relação à segurança sanitária na dispensação de medicamentos. A partir do momento em que o substitutivo do senador Efraim coloca a segurança em primeiro lugar, nós apoiamos integralmente”, afirma Nelson Mussolini, presidente executivo da entidade.

O texto sofreu alterações para superar críticas e desconfianças do setor, que temiam fatores como um aumento na automedicação e fragilidade nos processos de fiscalização.

“A pessoa vai poder entrar e sair com aquilo que o médico prescreveu. Então, pode facilitar a vida do paciente, daquele que está precisando comprar o seu medicamento dentro daquilo que regulamenta a legislação. É um assunto que se discute há mais de 20 anos. Acho que o projeto se tornou maduro”, afirma o executivo.

O cenário é diferente no varejo farmacêutico, onde representantes e entidades temem que a aprovação dessa medida represente uma ameaça direta à saúde das farmácias independentes. A Abrafarma, por exemplo, critica os trechos que abordam a proibição da telemedicina e das marcas próprias e as classifica como “desproporcionais e prejudiciais à população”.

“Nosso compromisso é com o direito à saúde, à proteção do consumidor e à eficiência nos serviços farmacêuticos”, afirmou Sergio Mena Barreto, CEO da Abrafarma.


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