Redes Sociais
Luiz Perillo, de 35 anos, precisou receber estômago, pâncreas, fígado, intestino e rim de um mesmo doador
O arquiteto Luiz Perillo, de 35 anos, morreu em São Paulo uma semana após receber cinco órgãos de um único doador. Ele aguardava há quatro anos na fila de espera e foi um dos primeiros pacientes a realizar o transplante multivisceral pelo SUS, cirurgia considerada uma das mais complexas e arriscadas da medicina.
O transplante multivisceral substitui, em uma única cirurgia, diversos órgãos retirados em bloco de um mesmo doador. No caso de Luiz, foram transplantados estômago, intestino, pâncreas, fígado e rim. Por exigir compatibilidade simultânea de tantos órgãos, os pacientes costumam passar anos aguardando por um doador.
Por que é tão arriscado
A operação pode durar mais de 12 horas, envolver dezenas de profissionais e demandar dezenas de bolsas de sangue. Além do risco cirúrgico, há chances elevadas de rejeição dos órgãos e infecções graves no pós-operatório. Luiz chegou a completar a primeira fase do transplante, mas desenvolveu um quadro infeccioso e sofreu uma parada cardíaca.
Outro desafio é o alto custo: o procedimento pode ser até dez vezes mais caro que um transplante convencional.
Esse tipo de cirurgia só foi incorporado ao Sistema Único de Saúde em fevereiro de 2025. Antes, os pacientes dependiam de projetos de pesquisa, o que restringia o acesso e a expansão da técnica no Brasil.
Atualmente, cerca de cinco hospitais estão habilitados a realizar o procedimento, quatro deles pelo SUS, em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Em 2024, o país realizou mais de 30 mil transplantes, mas apenas dois foram multiviscerais. Histórico no Brasil
O primeiro transplante multivisceral do país ocorreu em 2011, na rede privada. O pioneiro pelo SUS foi em 2014, no Hospital das Clínicas da USP. Com a recente incorporação oficial ao sistema público, pacientes passaram a ter mais chances de acesso, embora a fila seja pequena: em fevereiro, seis pessoas aguardavam o procedimento; hoje, não há ninguém registrado.
Apesar do desfecho trágico, Luiz se destacou pela mobilização em defesa da doação de órgãos durante os anos em que enfrentou internações. Seu caso expôs os desafios da fila, a necessidade de ampliar os centros especializados e a urgência de fortalecer a política de transplantes no Brasil.
Como ser doador?
No Brasil, a decisão depende da autorização da família, sendo essencial que a pessoa manifeste sua vontade em vida. Há duas formas oficiais de registro:
Carteira de identidade: no novo RG, é possível registrar no verso a decisão de doar. Quem tem a versão antiga deve solicitar o novo documento se quiser incluir essa informação.
Autorização eletrônica: desde abril de 2025, é possível se declarar doador pelo site www.aedo.org.br. O processo é gratuito e envolve validação online com cartório.
Utilizamos cookies para coletar dados e melhorar sua experiência, personalizando conteúdos e customizando a publicidade de nossos serviços confira nossa política de privacidade.