saúde
Novos medicamentos apresentam resultados contra câncer de pulmão
Estudos indicam que terapias com anticorpos aumentam o tempo de controle da doença
Duas novas classes de medicamentos trouxeram resultados encorajadores para o tratamento do câncer de pulmão de não pequenas células em estágio avançado, o tipo mais comum e letal da doença. Os dados foram divulgados neste domingo, 19, durante a 41ª Conferência da Sociedade Europeia de Medicina Oncológica (ESMO), realizada em Berlim, na Alemanha.
Segundo a oncologista Clarissa Baldotto, especialista em câncer torácico da Oncologia D’Or e coordenadora do programa de residência médica em oncologia do Instituto D’Or (IDOR), as descobertas representam “duas novas estratégias, além da quimioterapia e da imunoterapia, que estão surgindo para tratar o câncer de pulmão”.
Os anticorpos bispecíficos, produzidos em laboratório, são projetados para se ligar simultaneamente a células cancerígenas e às células do sistema imunológico, permitindo que o organismo identifique e destrua o tumor. Já os anticorpos conjugados funcionam como “mísseis guiados”, levando o agente quimioterápico diretamente à célula cancerosa, reduzindo os efeitos colaterais.
No estudo HARMONi-6, que envolveu 532 pacientes, o medicamento Ivonesimabe, combinado à quimioterapia, reduziu em 40% o risco de progressão do tumor em comparação com o tratamento padrão à base de imunoterapia. A sobrevida livre de progressão foi de 11,1 meses no grupo tratado com o novo fármaco, ante 6,9 meses no grupo de controle.
Outro trabalho, o OptiTROP-Lung04, testou o anticorpo conjugado Sacituzumabe tirumotecano em 376 pacientes com mutação no gene EGFR, em comparação à quimioterapia convencional. O estudo apontou 8,3 meses de controle da doença com o novo medicamento, frente a 4,3 meses com o tratamento tradicional.
Os resultados reforçam o avanço de terapias-alvo mais precisas e menos agressivas. Para a oncologista Clarissa Baldotto, os novos medicamentos “trazem esperança real de prolongar a vida e oferecer mais qualidade aos pacientes com câncer de pulmão avançado”.