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Pobres e homens são maiores vítimas do novo coronavírus
O Brasil é o segundo país no mundo em números de mortos pela covid-19. Desde o começo da pandemia, pesquisadores e médicos fazem levantamentos para traçar as particularidades das vítimas do SARS-CoV-2. A pandemia por aqui tem cara, sexo, raça, nível de escolaridade e classe social.
O coordenador do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Jaques Sztajnbok também verificou um aumento de pessoas mais jovens. "Ainda não temos uma pesquisa compilada e não alterou, por enquanto, os dados do Centro de Contingência. Mas, por exemplo, cheguei a ter um paciente de 26 anos e um de 38 anos em estado muito grave. Isso chama a atenção, porque não víamos, em nenhum momento, pacientes tão jovens, graves e juntos na UTI."
De acordo com dados de 50 UTIs do Brasil, sendo 70% hospitais públicos e 30% privados, divulgados pelo PROADI-SUS, na última quarta-feira (3) eram 3.034 pacientes internados com covid-19 e 341 suspeitos. A média de idade era de 64 anos, sendo 60,5% homens e 39,5% de mulheres.
Entre as comorbidades dos pacientes, cerca de 33,6% têm diabetes, 56,4% são hipertensos, 5,9% fumantes e 15,5% têm alguma doença cardiovascular. 44,8% dos indivíduos incluídos no estudo tinham precedência de casa sem home care antes da admissão na UTI; 21,4% foram transferidos de UPAs, 29,7% de outro hospital ou serviço de saúde, 2,4% hospital de retaguarda, 0,9% de casa de repouso e 0,8 casa com home care.
Para Jaques Sztajnbok, o perfil das pessoas que estão morrendo nessa fase da pandemia não mudará muito. "Pelo perfil demográfico traçado antes, a taxa de óbito é maior entre homens do que mulheres. E pelo perfil socioeconômico, os menos privilegiados têm uma taxa de mortalidade maior. Claro que essa pesquisa foi feita com os números do ano passado, mas não deve mudar muito no momento atual", prevê o especialista.



