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Covid-19 registra escalada gigantesca e lota hospitais no país

Por Tamara Albuquerque com Rádio Brasil de Fato 22/01/2022 - 13:49

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Agência Brasil
Média de pessoas infectadas a cada 24 horas no país aumentou quase 40 vezes em 30 dias
Média de pessoas infectadas a cada 24 horas no país aumentou quase 40 vezes em 30 dias

O Brasil tem superado recordes diários no número de casos de covid-19. Nos últimos 30 dias, a média de pessoas infectadas a cada 24 horas aumentou quase 40 vezes. A semana que se encerra neste sábado (22) já é a pior no país desde os primeiros relatos do coronavírus em solo nacional. 

Segundo informações do virologista Rômulo Neris, integrante da Equipe Halo, iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) que reúne especialistas do mundo todo em ações de combate ao coronavírus, antes mesmo do fim do período e do fechamento dos dados, mais de 770 mil novas confirmações da doença foram relatadas. O recorde anterior, registrado em março do ano passado, era de 539 mil.


Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, o virologista afirma que os números podem ser ainda mais expressivos, já que o sistema do Ministério da Saúde, que colhe informações dos estados, ficou mais de um mês fora do ar. Ele afirma que o prejuízo nas informações ainda não foi totalmente revertido

“É um cenário muito complexo e muito difícil de fazer previsões acuradas e adequadas, a gente vem de quase um mês de apagão de casos. A gente precisa considerar que foi no início do apagão que a variante ômicrom começou a se consolidar aqui no Brasil. Quando a gente perde o acesso aberto a esse sistema, isso acaba prejudicando muito dos nossos esforços de monitoramento e vigilância”

Neris alerta ainda para o impacto que a escassez de testes tem no número de casos registrados. “A gente não tem um padrão de testagem suficiente para a quantidade de indivíduos que estão manifestando sintomas e sendo considerados suspeitos", ressalta o virologista.

Os números apontam que o esgotamento do sistema de saúde pode estar próximo. Segundo dados da Fundação Oswaldo Cruz, até 15 de janeiro quatro estados já tinham ocupação de Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) em nível crítico, acima de 80%: Pernambuco (86%), Mato Grosso (84%), Goiás (81%) e Espírito Santo (80%).

Embora com índices um pouco menos expressivos, o alerta se estende a outras 11 unidades da federação, que têm mais de 60% dos leitos da UTI ocupados: Amazonas (77%), Tocantins (76%), Distrito Federal (74%), Ceará (71%), Piauí (67%), Bahia (66%), Rio Grande do Norte (65%), Mato Grosso do Sul (65%), Pará (63%), Roraima (60%) e Maranhão (60%).

Não é só a Fiocruz que aponta tendência de alta na lotação de vagas de UTI. Relatório da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) aponta que a ocupação das unidades aumentou de 40,84%, entre os dias 25 e 31 de dezembro do ano passado, para 58,75% entre 8 e 14 de janeiro deste ano. Também houve piora de cenário nos ambulatórios, de 47,31% para 77,07%.

Óbitos

Por enquanto, a escalada da covid-19 pela Ômicron não se reflete no crescimento dos óbitos na mesma proporção que a observada no ano passado. Em abril, o país chegou a registrar mais de 3 mil casos fatais em 24 horas.

Hoje, a média diária é inferior a 300. Ainda assim, o total de mortes por dia vem crescendo nas últimas semanas e o virologista faz um alerta: após o aumento de casos, segue-se o aumento de internações e o aumento de óbitos. Segundo Rômulo Néris, é provável que o Brasil não chegue a níveis de óbitos semelhantes aos dos piores cenários da pandemia, mas haverá aumento de mortes por covid-19 à medida que o esgotamento do sistema de saúde for ocorrendo e dificultando o acesso.

“É possível que a gente veja um aumento, que ainda vai se consolidar com mais robustez daqui pra frente agora que estamos vendo esses números recordes de casos. Não foi diferente em outros países."

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