POLÍTICA
Eleições na França: projeções indicam vitória surpreendente da esquerda
Especialistas descreveram estas eleições como as mais polarizadas da história recente da FrançaPesquisas de boca de urna para o segundo turno da eleição legislativa na França apontam que a Nova Frente Popular (NFP), coligação de partidos de esquerda, teria obtido o maior número de cadeiras para o Parlamento do país, segundo a rede estatal de TV e outros canais franceses. No entanto, de acordo com essas projeções, nenhuma força teria obtido maioria no legislativo francês.
Especialistas descreveram estas eleições como as mais polarizadas da história recente da França. O parlamento nacional é composto por 577 deputados. Para obter a maioria absoluta são necessários 289 assentos. Segundo as projeções, a coligação de esquerda Nova Frente Popular pode ter até 192 assentos no Parlamento. A de Emmanuel Macron vem em seguida, com 170 assentos.
As projeções mostram o Reunião Nacional em terceiro, atrás da coligação do presidente francês Emmanuel Macron. O líder da frente de esquerda, Jean-Luc Mélenchon, disse que sua coligação está "pronta para governar" após a divulgação da boca de urna.
O resultado, se confirmado, será considerado surpreendente após o partido Reunião Nacional, da direita radical, ter conseguido uma vitória histórica no primeiro turno das eleições em 30 de junho. O caminho para dominar o parlamento, em uma eleição de dois turnos segundo o sistema francês, se tornou mais difícil nos últimos dias para a líder do RN, Marine Le Pen.
Diante do seu surpreendente sucesso nas urnas na votação do último fim de semana, a coligação de Macron e a esquerda decidiram unir forças. Para deter a chegada do Reunião Nacional ao poder, centristas e esquerdistas retiraram mais de 200 candidatos da disputa para concentrar os votos nos nomes mais bem colocados. Ou seja, em muitos dos distritos eleitorais onde concorriam três candidatos (um da direita radical e dois de centro ou esquerda), restaram apenas dois.
A estratégia tinha como objetivo garantir que os votos não sejam dispersos e que os eleitores votassem na alternativa contra Le Pen, seja ela da coligação centrista de Macron ou da esquerda. Jordan Bardella, protegido de Marine Le Pen e que era cotado para ser o novo primeiro-ministro francês em caso de uma vitória do RN, declarou que a aliança "não natural" e "desonrosa" entre esquerdistas e a coligação de Macron impediu a vitória de seu partido. "Hoje à noite essas alianças jogaram a França nos braços da extrema esquerda de Jean-Luc Mélenchon", disse Bardella.
Quem forma a coligação de esquerda
A Nova Frente Popular é uma aliança de socialistas, ecologistas, comunistas e da França Insubmissa (LFI), partido de Mélenchon. A coligação foi formada depois que Macron convocou eleições parlamentares antecipadas no último dia 9 de junho.
Estes partidos têm diferenças importantes de pensamento e abordagem e já trocaram críticas anteriormente. Mas decidiram formar um bloco para manter a extrema direita fora do governo. A NFP prometeu anular as reformas na Previdência e na imigração aprovadas pelo atual governo, criar uma agência de resgate para imigrantes sem documentos e facilitar pedidos de visto.
Pretende também impor limites a reajustes de bens básicos para combater a crise do custo de vida e fala em aumentar o salário mínimo.